PRECISA-SE
DE REBELDES:
SOMENTE
INDIVÍDUOS PODEM SE INSCREVER
Pergunta a Osho:
Amado Osho,
O que um cara bonito e iluminado como você está fazendo com um grupo heterogêneo como o nosso?
Na verdade, não quero realmente saber o que você está fazendo
Apenas, por favor, não o pare de fazer.
Toda
multidão é uma multidão heterogênea, mas nenhum indivíduo o é. Cada indivíduo é
uma consciência autêntica.
No momento em que ele se toma parte da multidão, ele perde a sua
consciência;
então ele é dominado pelo coletivo, pela mente mecânica.
Você está me perguntando o que estou fazendo?
Estou
fazendo uma coisa simples - tirando indivíduos para fora das multidões, devolvendo-lhes a sua
individualidade e dignidade
Eu não quero multidão alguma no mundo.
Não
importa se eles se juntaram em nome de religiões, ou em nome de nacionalidades,
ou em nome de raças.
Como
tal, a multidão é feia, e as multidões cometeram os maiores crimes no mundo,
porque a multidão não tem consciência.
Ela
é uma inconsciência coletiva.
A consciência torna a pessoa um indivíduo - um pinheiro solitário dançando
ao vento, um solitário e ensolarado pico de montanha em sua completa glória e
beleza, um solitário leão e seu rugido tremendamente belo que ecoa por
quilômetros nos vales.
A
multidão é sempre de ovelhas, e todo o esforço do passado tem sido o de
converter cada indivíduo em uma peça de engrenagem, em uma parte morta de uma
multidão morta.
Quanto
mais inconsciente ele é, e quanto mais o seu comportamento é dominado pela
coletividade, menos perigoso ele se toma.
Na
verdade, ele se toma quase inofensivo.
Ele não pode destruir nem mesmo sua
própria escravidão
Pelo
contrário, ele começa
a glorificar sua própria escravidão
-
sua religião, sua nação, sua raça, sua cor.
Essas
são as suas escravidões, mas ele começa a glorificá-las
Como
indivíduo ele não pertence a nenhuma multidão
Toda
criança nasce como um indivíduo, mas raramente um homem morre como um
indivíduo.
Meu
trabalho é fazer com que você encontre a sua morte com a mesma inocência, com a
mesma integridade, com a mesma individualidade que você tinha ao nascer.
Entre
o seu nascimento e a sua morte, a sua dança deveria permanecer um consciente,
um solitário alcançar as estrelas...
sozinho,
incorruptível - um espírito rebelde.
A menos que você tenha um espírito rebelde, você não tem espírito algum.
Não
existem outros tipos de espíritos.
E você
pode ficar descansado que eu não irei parar!
Essa
é a minha única alegria - tomar o maior número possível de pessoas livres de
seus cativeiros, de suas celas escuras, de suas algemas, de suas correntes, e
trazê-las para a luz, de tal forma que elas também possam conhecer as belezas
deste planeta, a beleza deste céu, as belezas desta existência.
Além disto, não existe Deus e nem qualquer templo de Deus
Em
liberdade, você pode
entrar no
templo
Em
uma coletividade, em uma multidão, você simplesmente se apega aos cadáveres do
passado
Um
homem, vivendo de acordo com a multidão, parou de viver
Ele
está simplesmente seguindo como um robô
Talvez os robôs sejam também um pouco mais indivíduos do que os
assim-chamados indivíduos na multidão... porque justamente agora, no Japão, existem cem mil robôs - homens
mecânicos - trabalhando nas fábricas.
De
repente, nos últimos dois meses, um estranho fenômeno está acontecendo.
O
governo está preocupado, os cientistas estão preocupados, e eles não foram
capazes de encontrar qualquer explicação
Até
agora os robôs tinham trabalhado silenciosamente; ninguém jamais pensou que
eles iriam, de repente, começar uma rebelião. Mas dez pessoas foram mortas nos
últimos dois meses.
Um
robô está trabalhando - e um robô trabalha de acordo com um computador, de
acordo com um plano pré-programado; ele não pode agir, de forma alguma,
diferentemente do programa com que foi alimentado.
Mas
por estranho que pareça, de repente esses dez robôs pararam de trabalhar,
agarraram algum homem que estava por perto e simplesmente o mataram.
A
cifra de dez homens mortos é dada pelo governo - não pode ser verdade.
Nenhum governo fala a verdade.
Minha
própria experiência é a de que é sempre bom multiplicar todos os números dados
pelo governo pelo menos por dez.
Se
eles estão dizendo que dez pessoas morreram, cem pessoas devem ter morrido, ou
mais.
Eles
estão tentando acalmar as massas - “Não se preocupem, nós descobriremos o que saiu
errado.”
Mas
eles não têm ideia
alguma.
Na
verdade, o robô não é capaz de fazer qualquer ato que não esteja programado no
computador - e esses
não eram os programas.
Os
robôs mostraram algum sinal de liberdade, mostraram algum sinal de
individualidade, alguma indicação de rebeldia.
Os
computadores não
podem responder a uma questão nova
Eles
podem responder somente a questões para as quais informações já lhes foram
dadas.
Naturalmente
- eles não têm inteligência, eles têm somente um sistema de memória, um sistema
de arquivo que registra.
E
claro, eles são perfeitos em sua eficiência.
Nenhum
homem pode ser tão perfeito; de vez em quando você esquece.
E é
absolutamente necessário, para que a vida continue, esquecer-se da maioria das
coisas desnecessárias que estão acontecendo a cada dia, do contrário, seu
sistema de memória ficará sobrecarregado.
Mas
o computador é um mecanismo.
Você
não o pode sobrecarregar demais, ele não tem vida
Ouvi
contar... um homem
estava perguntando a um computador:
“Você pode me dizer onde está meu pai?”
Ele
estava apenas brincando com o cientista que trabalhava naquele grande
computador, e o
computador disse:
“Seu pai?
Ele saiu para pescar há três horas.”
O
homem riu e disse ao cientista:
“Você está criando um computador estúpido.
Meu pai morreu há três anos.”
E
ele ficou chocado porque o computador deu uma gargalhada
- para a qual nunca havia sido programado - e disse:
“Não seja
ingênuo.
Não
foi o seu pai que morreu há três anos, esse foi somente o esposo de sua mãe.
Seu pai
foi pescar há três horas; você pode ir para a praia e o encontrará”
No
momento, essa é apenas uma história, mas olhando os fatos reais que estão
acontecendo no Japão, a história toma uma certa realidade.
Mas
o homem na multidão tem sempre agido cegamente.
Se
você puxa o mesmo homem para fora da multidão e lhe pergunta:
“O que você
estava fazendo?
Você pode
fazer isso sozinho, por você mesmo?”
Ele
se sentirá embaraçado.
E
você ficará surpreso ao ouvir a sua resposta:
“Por minha
própria conta não posso fazer uma coisa tão estúpida, mas quando estou numa multidão, algo
estranho acontece”
Por
vinte anos vivi em uma cidade que era dividida proporcionalmente, meio a meio,
entre hindus e muçulmanos
Eles
eram igualmente poderosos, e quase todo ano aconteciam motins.
Eu
conhecia um professor na universidade onde eu ensinava.
Eu nunca poderia ter sonhado que esse homem poderia atear fogo em um
templo hindu;
ele era um cavalheiro — gentil, bem-educado, de boa cultura.
Durante
um motim entre hindus e muçulmanos, eu estava observando da calçada.
Os
muçulmanos estavam queimando um templo hindu, os hindus estavam queimando uma
mesquita muçulmana.
Eu
vi esse professor envolvido na queima do templo hindu.
Eu
o puxei para fora e lhe perguntei:
“Professor
Farid, o que você está fazendo?”
Ele
ficou muito envergonhado.
Ele
disse:
“Sinto
muito, eu me perdi na multidão.
Porque
todos os outros estavam fazendo isso, eu esqueci
de minha própria responsabilidade.
Pela
primeira vez eu me senti tremendamente livre de responsabilidade.
Ninguém
poderia me acusar.
Era uma
multidão de muçulmanos, e eu era apenas parte dela”
Em
uma outra ocasião, uma relojoaria muçulmana estava sendo saqueada.
Ela
tinha a mais preciosa coleção de relógios.
Um
velho sacerdote hindu... as pessoas que estavam roubando esses relógios e
destruindo a loja — eles haviam assassinado o dono da loja - eram todos hindus.
Um
velho sacerdote que eu conhecia estava de pé nas escadas,
gritando
com muita raiva para as pessoas:
“O que vocês estão fazendo?
Isso vai
contra nossa religião, contra nossa moralidade,
contra
nossa cultura.
Isso não
está certo”
Eu
estava vendo toda a cena de uma livraria no primeiro andar do prédio exatamente
em frente à loja, do outro lado da rua.
A
maior surpresa ainda estava por vir.
Quando
as pessoas haviam levado todos os artigos de valor da loja, restou somente um
velho relógio - muito grande, muito antigo.
Vendo
que as pessoas estavam indo embora, o velho colocou esse relógio sobre os seus ombros.
Para
ele era difícil carregá-lo, porque o relógio era pesado demais.
Eu
não podia acreditar em meus olhos!
Ele
estivera impedindo as pessoas, e esse era o último artigo da loja.
Eu
tive que descer da livraria e parar o sacerdote.
Eu
perguntei-lhe:
“Isso é
estranho.
O tempo
todo você estava gritando,
‘Isso vai
contra a nossa moralidade!
Isso vai
contra a nossa religião, não façam isso!’
E agora você está pegando o maior relógio da loja.”
Ele
replicou:
“Eu
gritei o bastante, mas ninguém ouviu.
E
então, finalmente veio-me a ideia de que eu estou simplesmente gritando e
desperdiçando o meu tempo, e todos os outros estão pegando alguma coisa.
Então, é melhor pegar este relógio antes que
algum outro o pegue,
porque ele era o único artigo deixado”
Eu
perguntei:
“Mas o que
aconteceu com a religião, a moralidade, a cultura?”
Ele
disse isto com uma cara envergonhada - mas disse:
“Quando
ninguém se preocupa com religião, cultura e moralidade, por que eu deveria ser
a única vítima?
Também
sou parte da mesma multidão.
Fiz o
possível para convencê-los, mas se ninguém vai seguir a religião, a moralidade
e o caminho correto, então não vou ser apenas um perdedor e parecer um estúpido
parado aqui.
Ninguém
nem mesmo me escutou, ninguém me deu atenção.”
E
ele levou o relógio.
Eu
vi pelo menos uma dúzia de motins naquela cidade, e perguntei aos indivíduos
que haviam participado de atos incendiários, de assassinatos, de estupros:
“Você é capaz
de fazer isso sozinho, por você mesmo?”
E
todos eles, sem exceção, disseram:
“Por
conta própria não o podemos fazer.
Foi
porque tantas pessoas estavam fazendo aquilo e não havia responsabilidade
pessoal.
Não
tínhamos que responder por aquilo, a multidão era a responsável.”
O homem perde tão facilmente sua pequena consciência no oceano coletivo
da inconsciência.
Essa
é a causa de todas as guerras, de todos os motins, de todas as cruzadas, de
todos os assassinatos.
Indivíduos
cometeram muito poucos crimes comparados aos da multidão.
E
as razões dos indivíduos que cometeram crimes são totalmente diferentes - eles
nasceram com uma mente criminosa, nasceram com uma química criminosa,
necessitam de tratamento.
Mas o homem que comete um crime porque ele é parte de uma multidão nada
tem que deva ser tratado. Tudo o que é necessário é tirá-lo da multidão.
Ele
deveria ser limpo; limpo de todas as escravidões, limpo de todo o tipo de
coletividade.
Ele
deveria se tomar um indivíduo novamente - assim como era quando veio ao mundo.
As
multidões devem
desaparecer do mundo.
Somente indivíduos deveriam
permanecer.
Então,
os indivíduos podem ter encontros, os indivíduos podem ter confraternizações,
os indivíduos podem ter diálogos.
No
momento, sendo parte de uma multidão, eles não são livres,
nem mesmo conscientes para terem um diálogo ou uma comunhão.
Meu
trabalho é tirar os indivíduos para fora de qualquer multidão - cristã, muçulmana, hindu, judia... qualquer multidão política,
qualquer multidão racial, qualquer multidão nacional - indiana, chinesa,
japonesa.
Eu sou contra a multidão e absolutamente pelo indivíduo, porque somente
o indivíduo pode salvar o mundo.
Somente
o indivíduo pode ser o rebelde e o novo homem, a base para uma humanidade
futura.
A
professora está perguntando a três meninos em sua classe:
“O que as suas mães estavam fazendo quando vocês saíram para a escola esta manhã?”
“Lavando
roupa”, disse Tom.
“Limpando
o quarto”, disse Dick.
“Aprontando-se
para sair e caçar patos”, disse Harry.
“O quê?
Do que você
está falando, Harry?”,
perguntou a professora.
“Bem,
professora”, disse Harry,
“meu pai fugiu de casa, então ela atirou suas calcinhas no fogo e disse que estava voltando à ação”
As
pessoas são imitadoras.
Não
estão agindo por conta própria; estão reagindo.
O
marido abandonou-a; isso se tomou uma reação nela, uma vingança - ela está
voltando à ação.
Essa
não é uma ação vinda da consciência, não é uma indicação de individualidade.
É
assim que a mente coletiva funciona - sempre de acordo com alguma outra pessoa.
Contra
ou a favor, não importa; conformista ou não-conformista,
não
importa.
Mas
ela está sempre dirigida, motivada, comandada por outros.
Deixada
por si mesma, ficará completamente
perdida - o que fazer?
Estou
ensinando o meu povo a ser meditador: a ser pessoas que possam desfrutar a
solidão, que possam respeitar a si mesmas sem pertencerem a qualquer multidão,
que não vendem as suas almas por recompensa, honraria, respeitabilidade e
prestígio algum que a sociedade possa lhes dar.
A
sua honra, o seu prestígio e o seu poder estão dentro de seus próprios seres - na sua liberdade, no seu
silêncio, no seu amor,
na
sua ação criativa - e não em sua reação.
O
que os outros fazem não é o que determina a sua vida.
A
sua vida emerge
do seu próprio interior.
Ela
tem as suas raízes na terra e os seus ramos no céu.
Ela
tem a sua aspiração própria de alcançar as estrelas.
Somente
tal homem tem beleza e graça.
Somente tal homem cumpriu o desejo da existência ao dar-lhe nascimento,
ao dar-lhe uma oportunidade.
Aqueles
que permanecem parte da multidão perderam o trem.
Osho, "O Rebelde: O Verdadeiro
Sal da Terra"
http://www.palavrasdeosho.com/2014/05/precisa-se-de-rebeldes.html#.U4kNVfldWlI
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