PAI JOAQUIM DE ARUANDA
"OS GOVERNANTES"
DOMINGO, 5 DE OUTUBRO DE
2014
É preciso
ter muito cuidado ao ouvir o assunto que vamos tratar hoje porque vamos
enfrentar algo que a mente humana considera muito importante, que ela considera
fundamental para a vida.
Por isso
gostaria que lessem com muita atenção e por isso, também,
vou
começar nossa conversa repetindo um recado que já dei em outras conversas:
estou falando a espiritualistas, àqueles que sabem que existe algo além da
matéria e que querem viver para este algo. Se você não quer viver para este
algo, o que vamos falar hoje é um assunto que não lhe diz respeito
Isso é
fundamental para ter contato com esta conversa, pois quem não quer viver para
este algo vai se chocar muito com o que vou dizer hoje.
Para o
espiritualista não existe ser humano: existe ele, aquele que vocês antigamente chamavam
de espírito.
Para o
espiritualista não existe vida humana, mas uma encarnação,
uma
sucessão de acontecimentos que são subordinados à vicissitude,
ou seja,
alternância de situações que servem como prova para que ele tenha a
oportunidade de optar entre o bem e o mal e assim aproximar-se de Deus ou não.
Levando em
consideração estas informações que já comentamos ao longo de outras conversas, descobrimos algo: não existe o mundo humano.
Não existe
a rua, a sua casa, o seu emprego, o seu país.
Não existe
nem existe o planeta.
O que
existe externamente à você é simplesmente um cenário onde acontecimentos se
desenrolam.
Para o
espiritualista este cenário é criado pelo Senhor do Carma (Deus) através do seu faça-se usando
da sua prerrogativa de gerador primário de tudo o que acontece.
Esta
introdução para o tema de hoje é fundamental, pois vamos de falar de um assunto
difícil, de uma unha encravada dos humanos. Vamos falar dos governantes, das
pessoas que têm autoridade para governar.
Hoje no
país de vocês e em outros e também durante toda a história,
qualquer
que seja o governante nenhum deles alcançou a unanimidade.
Nunca na
história houve um governante que tenha sido unanimemente declarado como um
grande governante pela população de um lugar.
Em
qualquer tempo sempre existiram aqueles que são a favor e outros que são contra
a qualquer um que esteja no governo, mesmo que os que estejam de um dos lados
seja minoria.
A partir disso
pergunto: o que leva um grupo de ser humano a ser a
favor ou contra o governante?
A resposta
é muito simples: o ganhar.
Todos
aqueles que de alguma forma ganham com a ação de um governante são a favor
dele; todos os que acham que perdem alguma coisa, são contra ele.
Observando
isso chegamos à primeira conclusão deste tema:
a
avaliação de um governante é individual.
O
governante será bom ou mal para cada ser humano de acordo com o atendimento do
egoísmo de cada um.
Sendo ele
atendido, o ser humano é a favor; não sendo, é contra o governante.
Este é um
aspecto que o ser humano não leva em consideração.
Ele não
entende que o julgamento de um governante não tem nada a ver com a situação do
país, com o que faz, mas é gerado apenas no interesse individual de cada um.
Vou
mostrar isso na prática…
Vocês
lutam para ajudar os pobres coitados que não têm onde morar.
Quando
eles invadem um terreno e o governante manda expulsá-los,
vocês
consideram isso um absurdo e acham que o governante não agiu com justiça.
Mas, eu
pergunto: e se o terreno for seu, achará o mesmo
absurdo?
E se os
sem tetos baterem à sua porta e quiserem dividir a sua casa com eles, vocês acharão o mesmo absurdo retirá-los?
Claro que
não.
Ou seja,
quando o governo age para defender o patrimônio de outra pessoa não presta, mas
quando é você que pode perder, não acha a mesma coisa.
Outro
exemplo
Vocês
criticam os governantes corruptos, mas será que alguém está disposto a abrir mão de subornar um guarda para
não pagar uma multa?
Alguém
está disposto a não sonegar impostos para que o governo tenha mais dinheiro e possa fazer o que você quer que ele
faça?
Acho que
não, porque neste momento você sai perdendo…
Outro
detalhe.
O governo
muitas vezes não pode fazer alguma coisa porque não tem dinheiro.
Na verdade
todo governo tem dinheiro, mas tem outros gastos.
Um dos
grandes gastos do governo é com a folha de pagamento daqueles que trabalham
para ele.
Você já viu
algum sindicato pedir ao governo para mandar embora funcionários para que o
governante tenha mais dinheiro para construir escola ou posto de saúde?
Acho que
não.
Essa é a
prática.
Quando o
acontecimento é uma perda para os outros, vocês atacam o governante, mas se
quem vai perder é você, neste caso o governante está certo em agir.
Quando é
para defender interesses seus, vale a pena agir contrário ao que cobra dos
outros.
Quando
falo do que não fazem, não estou criticando ninguém.
Sei que
cada um segue o roteiro que está pré-programado para a sua encarnação e por
isso jamais alguém erra.
O que
estou querendo mostrar e deixar bem claro é que a mente é hipócrita, ou seja,
utiliza-se de argumentos que são tratados como certo, para o bem comum, quando
na verdade só está querendo obter vitórias e lucros individuais e não aceita de
maneira nenhuma perder…
É isso que
precisa ficar muito claro para o espiritualista.
Se a sua
mente possui razões para criticar o governo, por mais que sejam tornadas
confiáveis estas razões, no fundo ela está usando de uma hipocrisia para poder
gerar uma ideia egoísta com uma capa brilhante.
Age assim
para que você aceite a ideia e torne-se egoísta compactuando com o egoísmo que
ela propõe.
Por isso,
o espiritualista, aquele que sabe que não existe ser humano e nem mundo humano
e que as histórias e o cenário deste mundo são apenas enredo que geram as
vicissitudes necessárias para que ele tenha a sua prova, não se deixa levar por
estas questões.
Quando a
mente lança argumentos hipócritas baseando-os na ideia com a preocupação com o
bem comum, o espiritualista não compactua com a consciência que é gerada.
Não estou
falando que o ser espiritualista não pode participar de manifestações, que não
grite contra o governo.
Isso é ato
e pode acontecer desde que o enredo que gerará as vicissitudes da sua
encarnação precise dele.
O que
estou dizendo é que esse ser não aceita quando a mente diz que o governo, seja
qual for, faça o que fizer, é o responsável pela sua desgraça
Isso
precisa ficar claro para entendermos o relacionamento do espiritualista com os
governantes.
Vou falar
outra coisa a respeito da hipocrisia da mente.
Muitos
religiosos, entre eles espiritualistas, esperam a volta do Cristo.
Vivem esta
espera porque acham que quando isso acontecer toda iniquidade acabará.
Toda
opressão dos governantes, todos os desfeitos e mal feitos se acabarão como um
passe de mágica, pois quando voltar Cristo os enfrentará.
Desculpem,
mas quem acredita nisso está perdendo o seu tempo
Se ele
voltasse não faria isso.
Faço esta
afirmação não porque seja amigo íntimo de Cristo, mas porque a história prova
que não.
Quando
houve a encarnação Jesus Cristo o que o povo daquela época (os judeus) esperava é que ele fosse
contra os romanos, que eram os governantes de então.
Os judeus
esperavam um messias, um homem que fosse libertá-los do jugo dos romanos assim
como Moisés tinha os libertado da escravidão no Egito.
Mas, Jesus
cristo jamais mexeu uma palha contra o governo romano.
Ao
contrário…
Em sua
missão, Jesus Cristo curou parente de senador, empregado de oficial romano.
Além
disso, deixou bem claro que não interferiria na questão da ação do governante
de então quando afirmou que se deve dar a César o que é de César e a Deus o que
é de Deus e mandou pagar o imposto dele em dia.
Ele nunca
foi contra os opressores, aqueles que escravizavam e tiranizavam o povo daquela
época.
Por isso,
se voltasse agora, não poderia ser contra quaisquer governantes que aja da
mesma forma que os daquela época agiam…
Esse é um
detalhe que nós que estamos buscando aproveitar as oportunidades para nos
aproximarmos de Deus precisamos levar em consideração quando a mente cria a
ideia de atacar os governantes.
É por
conta desta forma de ser de Jesus Cristo que Paulo afirma numa das suas cartas: todos devem respeitar os
governantes porque eles foram escolhidos por Deus.
O que o
apóstolo que compreendeu os ensinamentos no mais alto céu quis dizer é que não
se deve ir contra os governantes, pois eles são o agente carmático específico
para gerar o que os espíritos que encarnam naquele país precisam para viver.
Estamos
falando novamente de um assunto que abordamos na última conversa.
Como nós
vimos na pergunta 132 de O Livro dos Espíritos, há mais uma função que os
espíritos exercem durante a sua encarnação:
eles tomam
um corpo de acordo com o mundo que vão viver e lá, sob as ordens de Deus, agem
contribuindo para a obra geral.
É isso que
estou falando agora…
O seu
governante, seja em que esfera for, não age da forma que age porque quer,
porque é ganancioso, porque é maldoso, porque quer simplesmente ganhar: age do jeito que age para que
o país, o estado ou a cidade, enfim aquilo que ele governa, tenha a vicissitude
que precisa para a prova dos espíritos que estão naquela comunidade
Essa é a
visão do espiritualista da função do governante, da sua forma de agir.
É a partir
dessa visão que o espiritualista pode enfim libertar-se da formação mental que
é gerada quando esse governante faz alguma coisa que aparentemente leva este
ser a perder, a não ganhar
Usando
este corrimão, apoiando-se nesta visão do mundo, que é uma visão passada a
partir de um olhar de cima para baixo, da realidade espiritual para o
acontecimento humano, que o espiritualista consegue, então, continuar sua
caminhada no sentido de aproximar-se de Deus.
Como disse
no início é uma visão chocante para o ser humano comum.
Este ainda
acha que a salvação do planeta depende dele ou de qualquer outro ser humano
Esta visão
não é errada, pois a partir dela alguns acontecimentos vão surgindo e as provas
vão sendo criadas.
Para o
espiritualista, no entanto, não é algo a ser compartilhado,
pois ele não
se preocupa em salvar o mundo, mas a si mesmo.
A questão
de salvar o mundo ainda será abordada em outras conversas que teremos.
Por
enquanto fica apenas a orientação ao espiritualista de que ele não deve
comungar com as críticas que a mente gera para os governantes, como não deve
também, comungar aos elogios aos mesmos governantes, quando o que ele fazem
está bom para ele.
Canal: Firmino Leite
Ssapyará (Rinaldo)
Email - rochalve@msn.com
http://caminhodecura.blogspot.com.br/2014/10/pai-joaquim-de-aruanda-os-governantes.html
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