Ana é parte da Geração Y, a geração de jovens nascidos
entre o fim da década de 1970 e a metade da década de 1990.
Ela também faz parte
da cultura Yuppie, que representa uma grande parte da geração Y.
“Yuppie” é uma derivação da sigla “YUP”, expressão inglesa que significa “Young Urban Professional”, ou seja, Jovem Profissional Urbano.
É usado para referir-se a jovens
profissionais entre os 20 e os 40 anos de idade, geralmente de situação
financeira intermediária entre a classe média e a classe alta
Os yuppies em geral possuem formação
universitária, trabalham em suas profissões de formação e seguem as últimas
tendências da moda.
Eu dou um nome para
yuppies da geração Y — costumo chamá-los de “Yuppies Especiais e
Protagonistas da Geração Y”,
ou “GYPSY” (Gen Y Protagonists & Special
Yuppies).
Um GYPSY
é um tipo especial
de yuppie, um tipo que se acha o personagem principal de uma história muito
importante.
Então Ana está lá,
curtindo sua vida de GYPSY, e ela gosta muito de ser a Ana.
Só tem uma pequena
coisinha atrapalhando:
Ana está meio
infeliz.
Para entender a
fundo o porquê de tal infelicidade, antes precisamos definir o que faz uma
pessoa feliz, ou infeliz.
É uma formula simples:
É muito simples —
quando a realidade da vida de alguém está melhor do que essa pessoa estava
esperando, ela está feliz.
Quando a realidade
acaba sendo pior do que as expectativas, essa pessoa está infeliz.
Para contextualizar melhor, vamos falar um pouco dos pais da Ana:
Os pais da Ana
nasceram na década de 1950 — eles são “Baby Boomers“. Foram criados pelos avós da Ana,
nascidos entre 1901 e 1924, e definitivamente não são GYPSYs.
Na época dos avós da
Ana, eles eram obcecados com estabilidade econômica e criaram os pais dela para
construir carreiras seguras e estáveis.
Eles queriam que a
grama dos pais dela crescesse mais verde e bonita do que eles as deles
próprios.
Algo assim:
Eles foram ensinados que nada podia os impedir
de conseguir um gramado verde e exuberante em suas carreiras, mas que eles
teriam que dedicar anos de trabalho duro para fazer isso acontecer.
Depois da fase de
hippies insofríveis, os pais da Ana embarcaram em suas carreiras. Então nos anos 1970, 1980 e 1990, o mundo entrou numa era sem
precedentes de prosperidade econômica.
Os pais da Ana se saíram melhores do que esperavam, isso os deixou
satisfeitos e otimistas.
Tendo uma vida mais
suave e positiva do que seus próprios pais, os pais da Ana a criaram com um
senso de otimismo e possibilidades infinitas.
E eles não estavam
sozinhos.
Baby Boomers em todo o país e no mundo inteiro
ensinaram seus filhos da geração Y que eles poderiam ser o que
quisessem ser, induzindo assim a uma identidade de protagonista especial lá em
seus sub-conscientes.
Isso deixou os GYPSYs se sentindo tremendamente
esperançosos em relação à suas carreiras, ao ponto de aquele gramado verde de
estabilidade e prosperidade, tão sonhado por seus pais, não ser mais
suficiente.
O gramado digno de um GYPSY também devia ter flores.
Isso nos leva ao
primeiro fato sobre GYPSYs:
GYPSYs são
ferozmente ambiciosos
O GYPSY precisa de muito mais de sua
carreira do que somente um gramado verde de prosperidade e estabilidade.
O fato é, só um
gramado verde não é lá tão único e extraordinário para um GYPSY. Enquanto seus pais queriam viver
o sonho da prosperidade, os GYPSYs agora querem viver seu próprio
sonho.
Cal Newport aponta
que “seguir seu sonho”
é uma frase que só apareceu nos últimos 20 anos, de acordo com o Ngram
Viewer, uma ferramenta do
Google que mostra quanto uma determinada frase aparece em textos impressos num
certo período de tempo.
Essa mesma ferramenta mostra que a frase “carreira estável” saiu de moda, e também
que a frase “realização profissional” está muito popular.
Para resumir, GYPSYs
também querem
prosperidade econômica assim como seus pais
– eles só querem
também se sentir realizados em suas carreiras, uma coisa que seus pais não
pensavam muito.
Mas outra coisa está
acontecendo.
Enquanto os
objetivos de carreira da geração Y se tornaram muito mais
específicos e ambiciosos, uma segunda ideia foi ensinada à
Ana durante toda sua infância:
Este é provavelmente
uma boa hora para falar do nosso segundo fato sobre os GYPSYs:
GYPSYs vivem uma
ilusão
Na cabeça de Ana
passa o seguinte pensamento:
“mas é claro…
todo mundo vai ter uma boa carreira, mas como eu sou prodigiosamente magnífica,
de um jeito fora do comum, minha vida profissional vai se destacar na
multidão”.
Então se uma geração
inteira tem como objetivo um gramado verde e com flores, cada indivíduo GYPSY
acaba pensando que
está predestinado a ter algo ainda melhor:
Um unicórnio reluzente pairando sobre um gramado florido.
Mas por que isso é uma ilusão?
Por que isso é o que
cada GYPSY pensa, o que põe em
xeque a definição de especial:
es-pe-ci-al |adjetivo
melhor, maior, ou de algum modo diferente do
que é comum
De acordo com esta
definição, a maioria das pessoas não são especiais, ou então “especial” não significaria nada.
Mesmo depois disso,
os GYPSYs lendo isto estão
pensando, “bom argumento… mas eu realmente sou um desses poucos especiais” – e aí está o problema.
Uma outra ilusão é
montada pelos GYPSYs quando eles adentram o mercado de
trabalho.
Enquanto os pais da
Ana acreditavam que muitos anos de trabalho duro eventualmente os renderiam uma
grande carreira, Ana acredita que uma grande carreira é um destino óbvio e
natural para alguém tão excepcional como ela, e para ela é só questão de tempo
e escolher qual caminho seguir.
Suas expectativas
pré-trabalho são mais ou menos assim:
Infelizmente, o
mundo não é um lugar tão fácil assim, e curiosamente carreiras tendem a ser
muito difíceis.
Grandes carreiras
consomem anos de sangue, suor e lágrimas para se construir – mesmo aquelas sem
flores e unicórnios – e mesmo as pessoas mais bem sucedidas raramente vão estar
fazendo algo grande e importante nos seus vinte e poucos anos.
Mas os GYPSYs
não vão apenas
aceitar isso tão facilmente.
Paul
Harvey, um professor da UNIVERSIDADE de New
Hampshire, nos Estados Unidos, e expert em GYPSYs, fez uma pesquisa onde conclui que
a geração Y tem “expectativas fora da realidade e uma grande resistência em aceitar
críticas negativas” e “uma visão inflada
sobre si mesmo”.
Ele diz que “uma grande fonte de
frustrações de pessoas com forte senso de grandeza são as expectativas não
alcançadas.
Elas geralmente se sentem merecedoras de respeito e recompensa que não
estão de acordo com seus níveis de habilidade e esforço, e talvez não obtenham
o nível de respeito e recompensa que estão esperando”.
Para aqueles
contratando membros da geração Y, Harvey sugere fazer a seguinte pergunta durante uma
entrevista de emprego:
“Você geralmente se sente superior aos seus colegas de trabalho FACULDADE, e se sim, por quê?”.
Ele diz que “se o candidato
responde sim para a primeira parte mas se enrola com o porquê, talvez haja um
senso inflado de grandeza.
Isso é por que a percepção da grandeza é geralmente baseada num senso
infundado de superioridade e merecimento.
Eles são levados a acreditar, talvez por causa dos constantes e ávidos
exercícios de construção de auto-estima durante a infância, que eles são de
alguma maneira especiais, mas na maioria das vezes faltam justificativas reais
para essa convicção”
E como o mundo real considera o merecimento um fator importante, depois
de alguns anos de formada, Ana se econtra aqui:
A extrema ambição de
Ana, combinada com a arrogância, fruto da ilusão sobre quem ela realmente é,
faz ela ter expectativas extremamente altas, mesmo sobre os primeiros anos após
a saída da FACULDADE.
Mas a realidade não
condiz com suas expectativas, deixando o resultado da equação “realidade
– expectativas = felicidade” no negativo.
E a coisa só piora.
Além disso tudo, os GYPSYs tem um outro problema, que se
aplica a toda sua geração:
GYPSYs estão sendo
atormentados
Obviamente, alguns
colegas de classe dos pais da Ana, da época do ensino médio ou da faculdade,
acabaram sendo mais bem-sucedidos do que eles.
E embora eles tenham
ouvido falar algo sobre seus colegas de tempos em tempos, através de
esporádicas conversas, na maior parte do tempo eles não sabiam realmente o que
estava se passando na carreira das outras pessoas.
A Ana, por outro
lado, se vê constantemente
atormentada por um fenômeno moderno:
Compartilhamento de
Fotos no Facebook.
As redes sociais
criam um mundo para a Ana onde:
A) tudo o que as outras pessoas estão fazendo é público e visível à todos,
B) a maioria das pessoas expõe uma versão maquiada e melhorada de si mesmos
e de suas realidades,
e C) as pessoas que expôe mais suas carreiras (ou relacionamentos) são as pessoas que estão indo melhor, enquanto as
pessoas que estão tendo dificuldades tendem a não expor sua situação.
Isso faz Ana achar, erroneamente, que todas as outras pessoas estão indo
super bem em suas vidas, só piorando seu tormento
.
Então é por isso que
Ana está infeliz, ou pelo menos, se sentindo um pouco frustrada e insatisfeita.
Na verdade, seu
início de carreira provavelmente está indo muito bem, mas mesmo assim,
ela se sente
desapontada.
Aqui vão meus conselhos para Ana:
1) Continue ferozmente
ambiciosa.
O mundo atual está
borbulhando de oportunidades para pessoas ambiciosas conseguirem sucesso e
realização profissional.
O caminho específico
ainda pode estar incerto, mas ele vai se acertar com o tempo,
apenas entre de
cabeça em algo que você goste.
2) Pare de pensar
que você é especial.
O fato é que, neste
momento, você não é especial.
Você é outro jovem
profissional inexperiente que não tem muito para oferecer ainda.
Você pode se tornar
especial trabalhando duro por bastante tempo.
3) Ignore todas as
outras pessoas.
Essa impressão de
que o gramado do vizinho sempre é mais verde não é de hoje, mas no mundo da
auto-afirmação via redes sociais em que vivemos, o gramado do vizinho parece um
campo florido maravilhoso.
A verdade é que todas
as outras pessoas estão igualmente indecisas, duvidando de si mesmas, e
frustradas, assim como você, e se você apenas se dedicar às suas coisas,
você nunca terá
razão pra invejar os outros.
Leia também:
http://caminhodecura.blogspot.com.br/2015/07/porque-os-jovens-profissionais-da.html
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