Você já deve ter conhecido pessoas que falam só de si mesmas,
reclamando e evocando pena como principal sentimento.
Essas pessoas nos mobilizam pois há nelas um sofrimento intenso
e transbordante, o que faz com que elas pensem somente nas suas necessidades
quase 24h por dia!
Quanto
mais autocentrado, mais sofrimento, porque existe uma distorção da realidade.
Há uma bolha que encobre a visão, tornando a pessoa crente que
ela é a mais importante do mundo.
Com isso, há também uma carência, uma necessidade de aprovação
constante, que é um modo de ter seu sofrimento diminuído pelo outro.
Ela se torna obcecada por falar sobre seus problemas e ser
ouvida,
acolhida, amada pelos outros.
O
grande problema disso é que aumenta a possibilidade de frustração, que costuma ser,
inclusive, mais fonte de sofrimento:
“as pessoas não me entendem”, ou “as pessoas não se
importam com minha dor”.
A ela poderíamos perguntar, “mas e você, se importa com a dor do outro, ou só com a sua?”.
Com
o tempo, tal pessoa acaba achando que as pessoas precisam pensar como ela e que
suas ações são as mais corretas.
Ela se sente vítima de todos e planta ainda mais sofrimento ao
não se responsabilizar pelas suas próprias escolhas.
E,
convenhamos, todos nós temos um pouco disso, não é?
A nossa cultura estimula essa segregação, comparação, esse
narcisismo doentio.
E ficamos, assim, o tempo todo buscando o nosso bem-estar,
ignorando e até repudiando a busca por felicidade das outras
pessoas.
Precisamos
lembrar que nós também transformamos a cultura, se enxergarmos a vida através
de um ângulo mais amplo.
Precisamos sair da nossa bolha, da visão estreita que bate só no
nosso umbigo.
Se nos voltarmos também para o mundo do outro, olhando a partir
da visão e das necessidades do outro, o mundo seria muito mais bonito e iríamos
sentir a leveza da renúncia à autoimportância obsessiva.
Que
possamos experimentar a leveza e a alegria de voltar nossas mentes para o
auxílio a quem está próximo e, quem sabe, distante também.
Nossos corações se abrem, o amor flui e de repente as coisas já
não são tão trágicas.
Um
grande abraço,
Daniel Danguy e Luís Fernando
Rostworowski/
https://www.sementesdasestrelas.com.br/2021/03/quanto-mais-autocentramento-mais-sofrimento.html
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