DAVID R. HAMILTON
“MEDITAÇÃO”
TERÇA FEIRA, 28 DE
JUNHO DE 2022
A primeira vez que
tentei meditar foi depois de ler o romance de James Redfield “A
profecia celestina”.
Foi no final da década de 90 e na época eu
trabalhava como cientista de
P&D na indústria farmacêutica.
Para ser sincero,
já tinha meditado antes, quando era adolescente, ouvindo uma fita de
relaxamento que minha mãe usava todos os dias para ajudá-la a dormir, mas não
entendia naquela época que estava meditando.
Eu já tinha ouvido
falar na palavra “meditação” antes,
mas apenas no contexto de gurus indianos sem camisa, sentados de pernas
cruzadas cantando em sânscrito.
Também participei
de uma feira holística em um fim de semana e a barraca da meditação era
organizada por pessoas com cabelos compridos e vestidas como hippies.
A prática me
parecia inacessível.
Não queria deixar
meu cabelo crescer, usar colares grandes e começar a andar descalço.
Honestamente,
achava que a prática e o estilo de vida andavam juntos, então tentar meditar
nunca me passou pela cabeça.
Mas depois de ler o
livro e perceber que qualquer um pode meditar, fiquei ansioso para
tentar.
Não sabia se estava
fazendo certo.
Mal conseguia ficar
parado por alguns minutos e toda vez que tentava – toda vez – uma coceira
insuportável surgia em meu nariz ou em alguma outra parte do meu rosto.
Desisti depois de
algumas tentativas e não tentei novamente até mais ou menos um ano depois.
Minha motivação foi
desenvolver minha conexão espiritual.
Era isso que queria
depois de ler o livro de Redfield.
Via isso como uma
solução para o que vinha sentindo há algum tempo.
Estava me
recuperando de uma depressão e sentia que precisava fazer uma mudança
significativa em minha vida.
Só não tinha
certeza na época o que precisava mudar.
Já pratico
meditação regularmente há mais de 20 anos.
Também coletei uma
boa quantidade de pesquisas sobre os benefícios dos diferentes estilos de
meditação e escrevi um capítulo ou mais sobre isso nos meus três últimos
livros.
Há muito a se
ganhar com a meditação e alguns dos benefícios dependem, em grande parte, do
tipo de meditação que você faz.
Mindfullness
Por exemplo, mindfullness (ou atenção plena) é a prática de trazer
a sua atenção para o momento presente, geralmente se concentrando na respiração
ou em diferentes partes do corpo.
É extremamente
simples de se fazer.
Veja como: Inspire e perceba sua respiração.
Ouça o som, sinta
como se sente.
Você está
praticando a atenção plena.
Neste momento, você
está atento ao fato de que está respirando.
A prática, por mais
simples que seja, tem demonstrado a colheita de recompensas consideráveis.
Estudos mostram que
a prática pode ajudar na redução da preocupação, do estresse, da ansiedade e
até da depressão.
Ajuda a aumentar a
concentração, o autocontrole e a memória.
Também ajuda a ter mais controle
sobre o pensamento e o foco.
Por que algo tão simples pode oferecer tantos
benefícios?
Em parte, é porque
essa prática trabalha, ou treina, o cérebro da mesma maneira que exercitar um
músculo na academia aumenta a força e o tônus muscular.
Assim como um
músculo pode ficar mais forte, o mesmo pode acontecer com as regiões do cérebro
que são trabalhadas nas práticas de mindfullness.
O
mindfullness trabalha a região do cérebro logo acima dos olhos (conhecida como córtex pré-frontal dorsolateral), além de algumas
outras regiões também.
Desenvolver essa
região do cérebro ajuda a melhorar a concentração, na capacidade de trazer sua
atenção de volta ao presente nos momentos de preocupação, ter mais controle de
si mesmo e muito mais.
Assim, quando sua
mente vagueia na direção de coisas estressantes ou desagradáveis, ruminando
sobre o passado ou se preocupando com o futuro, o mindfullness te ajuda a obter
uma melhor capacidade de trazer sua atenção de volta ao momento presente.
Foi o primeiro
benefício prático que notei pessoalmente quando comecei a praticar
regularmente.
Kindfullness (Metta Bhavana)
Pratico
frequentemente um estilo de meditação chamado Metta Bhavana.
É uma prática
budista e me refiro a ela como uma prática de “gentileza”
Aqui, em vez de
focar na respiração, a atenção durante uma prática de kindfullness é pensar em alguém
com bondade ou compaixão, desejando-lhe
saúde, felicidade, paz ou prosperidade.
A palavra “metta” é um termo Páli que significa amor
universal e bondade para com todos os seres.
Normalmente, você
pensa em pessoas diferentes em sua vida e deseja para cada uma:
“Que você seja feliz, fique bem, que se sinta seguro
e tranquilo”.
Ou alguma variação
dessas palavras em torno dos mesmos sentimentos gerais.
Você também deve
concentrar esses sentimentos em si mesmo.
Essa prática tem
benefícios únicos e maravilhosos.
Como no mindfullness, também trabalha a
região do cérebro acima dos olhos, mas há um viés para o lado esquerdo e um
pouco mais profundo (conhecido como
córtex pré-frontal medial), bem como uma região conhecida por desempenhar um
papel na empatia (a ínsula).
Juntas, essas
regiões são associadas à felicidade, alegria, empatia e compaixão.
Treiná-las, como se
estivéssemos treinando um músculo na academia, torna essas regiões mais
poderosas e o resultado é que fica mais fácil extrair felicidade e alegria do
contexto dos eventos e circunstâncias de nossas vidas cotidianas.
Também torna mais
fácil sentir empatia e compaixão pelo sofrimento e dor dos outros.
Metta é o meu estilo
pessoal de meditação quando estou me sentindo estressado, preocupado ou ansioso
com alguma coisa.
Me traz de volta ao
presente e me ajuda a lembrar do que é importante.
Há evidências
indicando que este estilo de meditação também pode retardar o envelhecimento;
isso de acordo com algumas pesquisas que examinaram seu efeito nos telômeros,
que são as extremidades do DNA, semelhantes às pontas de plástico
em cadarços (agulhetas) que os impedem de
se desfazer.
Os
telômeros fazem um trabalho semelhante no DNA e, assim como as agulhetas, se
desgastam com o tempo, geralmente em resposta ao estresse.
Em um estudo
randomizado controlado de 12 semanas envolvendo uma prática diária de metta,
mindfullness ou nenhuma prática (para comparação), a perda de telômeros diminuiu
significativamente devido à prática de metta.
Gostaria de
salientar que isso não significa, é claro, que você nunca envelhecerá enquanto
tiver pensamentos bondosos.
Este foi um estudo
realizado sob um conjunto específico de condições.
Mas sugere que os
sentimentos induzidos pela prática causam uma certa desaceleração no
envelhecimento biológico, assim como os sentimentos induzidos pelo estresse
podem acelerá-lo, e que parte disso pode ser devido aos efeitos da prática nos
telômeros.
Contemplação
Nos meus primeiros
dias tentando meditar, participei de algumas palestras e workshops que
ensinavam essa prática.
Me atraiu muito
porque a vi contribuindo no meu desenvolvimento espiritual, quando você
contempla respostas para perguntas espirituais.
Por exemplo, após
alguns momentos focando na respiração, você faz perguntas como:
“Quem sou eu?’,
“Por que estou aqui?”,
“Qual é o meu
propósito?”,
“Qual é a minha conexão
com o Universo?”,
“Qual é o sentido da
vida?”,
“Qual é a natureza da
consciência?”, esse tipo de coisa.
Perguntas bem
amplas, mas é só permitir que os insights venham enquanto está sentado em
silêncio focando na sua respiração.
As respostas que
vêm evoluem com o tempo e com a prática, desde respostas
mais ou menos pragmáticas, como “Sou um ser humano”, a uma sensação de
“Sou pura consciência”, que pode ser acompanhada por uma
sentimento de conexão sentida com a vida em si.
Ao longo dos anos,
descobri que essa prática é muito boa para focar no desenvolvimento de uma
consciência mais espiritual com a vida.
Portanto, seja você
um meditador iniciante ou um praticante experiente, espero que tenha encontrado
algo de valor aqui.
A meditação pode
ser uma ótima terapia.
Pode acalmar a
mente, reduzir o estresse, ajudar no controle da ansiedade, aumentar a
felicidade e até mesmo levar a profundos insights sobre a vida e o universo.
Depende do tipo de
prática que você faz e também do seu compromisso com uma prática regular.
Os benefícios reais
vêm de fazê-la regularmente.
Ninguém se tornou
campeão olímpico indo à academia apenas uma vez ou correndo ao redor do
quarteirão algumas vezes.
Como nos
exercícios, os benefícios vêm rapidamente, mas se acumulam com o tempo.
Assim como os
exercícios podem ser um verdadeiro tônico para a saúde física e para o
bem-estar, a meditação pode ser um tônico para a saúde mental e para o
bem-estar.
Você
só precisa praticar.
Portanto, os
benefícios de meditar por cinco ou dez minutos por dia podem mudar a sua vida.
Como
praticar Metta (Bondade Amorosa)
Existem algumas
versões diferentes das palavras usadas na meditação Metta, mas o sentimento
é mais ou menos o mesmo.
A versão abaixo
normalmente é a mais usada.
Em sua mente,
repita as frases a seguir três vezes para
1) você mesmo,
2) um ente querido,
3) alguém neutro,
4) uma pessoa
difícil
e 5) todos os seres sencientes:
Que você seja feliz
Que você fique bem
Que você esteja
seguro
Quer você se sinta
tranquilo
Claro, quando
estiver falando para si mesmo, substitua “você” por “eu”.
Você pode encurtar
o texto, se desejar, para simplesmente:
Que você seja
feliz, fique bem, que se sinta seguro e tranquilo.
Todos os direitos
reservados 2022 David R. Hamilton PHD
Autor:
David R. Hamilton
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