“A RESPIRAÇÃO…”
TERÇA FEIRA , 19 DE NOVEMBRO DE 2024
Podemos descobrir o
espaço interior criando lacunas no fluxo de pensamentos.
Sem elas, o
pensamento se torna repetitivo, desprovido de inspiração, sem nenhuma centelha
criativa – e é assim que ele é para a maioria das pessoas.
Não precisamos nos
preocupar com a duração dessas lacunas.
Alguns segundos
bastam.
Aos poucos, elas irão
aumentar por si mesmas, sem nenhum esforço de nossa parte.
Mais importante do
que fazer com que sejam longas é criá-las com frequência para que nossas
atividades diárias e nosso fluxo de pensamento sejam entremeados por espaços.
Certa ocasião alguém
me mostrou a programação anual de uma grande organização espiritual.
Quando a examinei,
fiquei impressionado pela rica seleção de seminários e palestras interessantes.
A pessoa me perguntou
se eu poderia recomendar uma ou duas atividades.
“Não sei, não.
Todas elas me parecem muito interessantes.
Mas eu conheço esta: tome consciência da sua respiração sempre que puder,
toda vez que se lembrar.
Faça isso durante um ano e terá uma experiência transformadora bem mais
forte do que a participação em qualquer uma dessas atividades.
E é de graça.”
Tomar consciência da
respiração faz com que a atenção se afaste do pensamento e produz espaço.
É uma maneira de
gerar consciência.
Embora a plenitude da
consciência já esteja presente como o não-manifestado, estamos aqui para levar
a consciência a essa dimensão.
Tome consciência da
sua respiração.
Observe a sensação do
ato de respirar.
Sinta o movimento de
entrada e saída do ar ocorrendo em seu corpo.
Veja como o peito e o
abdômen se expande e se contrai ligeiramente quando você inspira e expira.
Basta uma respiração
consciente para produzir espaço onde antes havia a sucessão ininterrupta de
pensamentos.
Uma respiração
consciente (duas
ou três seria ainda melhor) feita muitas vezes ao
dia é uma maneira excelente de criar espaços em sua vida.
Mesmo que você medite
sobre sua respiração por duas horas ou mais, o que é uma prática adotada por
algumas pessoas, uma respiração basta para deixá-lo consciente.
O resto são
lembranças ou expectativas, isto é, pensamentos.
Na verdade, respirar
não é algo que façamos, mas algo que testemunhamos.
A respiração acontece
por si mesma.
Ela é produzida pela
inteligência inerente ao corpo.
Portanto, basta
observá-la.
Essa atividade não
envolve nem tensão nem esforço.
Além disso, note a
breve suspensão do fôlego – sobretudo no ponto de parada no fim da expiração –
antes de começar a inspirar de novo.
Muitas pessoas têm a
respiração curta, o que não é natural.
Quanto mais tomamos
consciência da respiração, mais sua profundidade se estabelece sozinha.
Como a respiração não
tem forma própria, ela tem sido equiparada ao espírito – a Vida sem uma forma
específica – desde tempos ancestrais.
“O Senhor
Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um
sopro de vida; e o homem se tornou um ser vivente.”
A palavra alemã para
respiração – atmen – tem origem no termo sânscrito Atman, que significa o espírito divino
que nos habita, ou o Deus interior.
O fato de a
respiração não ter forma é uma das razões pelas quais a consciência da
respiração é uma maneira eficaz de criar espaços na nossa vida, de produzir
consciência.
Ela é um excelente
objeto de meditação justamente porque não é um objeto, não tem contorno nem
forma.
O outro motivo é que
a respiração é um dos mais sutis e aparentemente insignificantes fenômenos, a “menor
coisa”, que, segundo Nietzsche, constitui a “melhor felicidade”.
Cabe a você decidir
se vai ou não praticar a consciência da respiração como verdadeira meditação
formal.
No entanto, a
meditação formal não substitui o empenho em criar a consciência do espaço na
sua vida cotidiana.
Ao tomarmos
consciência da respiração, nos vemos forçados a nos concentrar no momento
presente – o segredo de toda a transformação interior, espiritual.
Sempre que nos
tornamos conscientes da respiração, estamos absolutamente no presente.
Percebemos também que
não conseguimos pensar e nos manter conscientes da respiração ao mesmo tempo.
A respiração
consciente suspende a atividade mental.
No entanto, longe de
estarmos em transe ou semi-despertos, permanecemos acordados e alertas.
Não ficamos abaixo do
nível do pensamento, e sim acima dele.
E, se observarmos com
mais atenção, veremos que essas duas coisas – nosso pleno estado de presença e
a interrupção do pensamento sem a perda da consciência – são, na verdade a
mesma coisa: o surgimento da consciência do espaço.
(Do livro O Despertar de uma Nova
Consciência de Eckhart Tolle – Ed. Sextante)
Canal
/ Autor: Eckhart Tolle
Fonte: https://www.eckharttolle.com
https://www.sementesdasestrelas.com.br/2024/11/eckhart-tolle-a-respiracao.html
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