quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
AS FORÇAS DO AMOR, DE EROS E DA SEXUALIDADE
Neste artigo vamos examinar três forças específicas do Universo: a força do amor, do modo como se manifesta entre os sexos, a força erótica e a força sexual.
São três princípios ou forças notadamente diferentes que se manifestam de forma diversa em todos os planos , do mais elevado ao mais baixo.
A humanidade sempre confundiu os três.
De fato, é pouco sabido que existem três forças separadas e quais são as diferenças entre elas.
Há tanta confusão a esse respeito, que será muito útil esclarecer esta questão.
O SIGNIFICADO ESPIRITUAL DA FORÇA ERÓTICA
A força erótica é uma das mais poderosas forças existentes e apresenta um certo momentum e impacto.
Seu propósito é fazer a ponte entre o sexo e o amor,
embora raramente o faça.
Numa pessoa altamente desenvolvida do ponto de vista espiritual, a força erótica transporta a entidade da experiência erótica, que em si mesma é de curta duração, para um estado permanente de amor puro.
No entanto, mesmo o momentum da força erótica transporta a alma só até ali, e não mais adiante.
Ela está fadada a dissolver-se caso a personalidade não aprenda a amar, cultivando todas as qualidades e requisitos necessários para o verdadeiro amor.
Só quando se aprende a amar é que a centelha da força continua viva.
Em si mesma, sem amor, a força erótica se esgota.
Este, naturalmente, é o problema do casamento.
Como a maioria das pessoas é incapaz do amor puro,
também é incapaz de atingir o casamento ideal.
Eros, sob muitos aspectos, assemelha-se ao amor.
Ele traz à tona impulsos que, de outra forma, o ser humano não sentiria: impulsos de altruísmo e afeto que a pessoa, anteriormente, talvez fosse incapaz de ter.
É por isso que Eros tantas vezes é confundido com amor.
Mas Eros é confundido com a mesma freqüência com o instinto sexual, que também se manifesta como um forte desejo.
Vamos mostrar qual o significado e a finalidade espiritual da força erótica, principalmente no que diz respeito à humanidade.
Sem Eros, muitas pessoas jamais experimentariam o grande sentimento e a beleza contidos no amor verdadeiro.
Elas jamais poderiam prová-lo, e o anseio de amar permaneceria profundamente enterrado em sua alma.
Seu medo do amor seria mais forte que o desejo.
Eros é a experiência mais próxima do amor que o espírito não-desenvolvido pode ter.
Ele eleva a alma, tirando-a da apatia, do mero contentamento e do estado vegetativo.
Eros faz com que a alma se agite, buscando o exterior.
Tomada por essa força, até a pessoa mais subdesenvolvida torna-se capaz de se superar.
Até mesmo um criminoso tem durante algum tempo,
pelo menos com relação a alguém, um sentimento de bondade que jamais conhecera.
Enquanto dura esse sentimento, o egoísta rematado tem impulsos altruístas.
Os acomodados saem da inércia.
Com naturalidade e sem esforço, o escravo da rotina livra-se dos hábitos fixos.
A força erótica faz com que a pessoa fique num plano acima da separação, mesmo que seja por um curto período.
Eros proporciona à alma o antegozo da união, que a psique, com medo, passa a desejar.
Quanto mais forte a experiência de Eros, menos satisfação encontra a alma na pseudo segurança da separação.
Até a pessoa sob outros aspectos totalmente concentrada em si mesma, é capaz de fazer um sacrifício durante sua experiência de Eros.
Portanto, vocês vêem que Eros capacita a pessoa a fazer coisas para as quais normalmente ela não tem inclinação; coisas estreitamente associadas ao amor.
É fácil entender por que Eros tantas vezes é confundido com o amor.
A DIFERENÇA ENTRE EROS E O AMOR
No que, então, Eros difere do amor?
O amor é um estado permanente da alma;Eros, não.
O amor só pode existir se o seu alicerce for preparado por meio do desenvolvimento e da purificação.
O amor não vai e vem ao acaso;Eros, sim.
Eros atinge com força súbita, muitas vezes pegando a pessoa desprevenida e até mesmo não predisposta a passar pela experiência.
Só quando a alma está pronta para amar e já construiu o alicerce do amor é que Eros se torna a ponte para o amor manifesto entre o casal.
Assim, pode-se ver como é importante a força erótica.
Sem que ela atinja e tire vocês da rotina, muitos seres humanos jamais estariam prontos para procurar, com mais consciência, derrubar as barreiras que os separam.
A experiência erótica lança na alma uma semente e faz com que ela anseie pela unidade, que é a grande meta no plano da salvação.
Enquanto a alma está separada, o quinhão que lhe cabe é o isolamento e a infelicidade.
A experiência erótica permite que a personalidade anseie pela união com pelo menos um outro ser.
Nas alturas do mundo espiritual, existe união entre todos os seres – e, assim, com o Criador.
Na esfera terrena, a força erótica é uma força propulsora, independentemente de o seu verdadeiro significado ser ou não entendido.
Isso acontece mesmo que frequentemente ela seja mal usada e desfrutada em si mesma, enquanto dura.
Ela não é utilizada para cultivar o amor na alma, e por isso fenece.
Não obstante, seu efeito permanece inevitavelmente na alma.
O MEDO DE EROS E O MEDO DO AMOR
Eros sobrevém subitamente em determinados estágios da vida, mesmo para os que receiam o aparente risco que significa aventurar-se e sair da separação.
As pessoas que têm medo das próprias emoções e da vida como tal, muitas vezes fazem tudo o que podem para evitar – de modo inconsciente e ignorante
– a grande experiência da unidade.
Embora esse medo esteja presente em muitos seres humanos, muito poucos não tiveram a experiência de certa inclinação da alma, permitindo um contato com Eros.
Para a alma dominada pelo medo, que resiste à experiência, este é um bom remédio, apesar da mágoa e da perda que podem se seguir por causa de outras complicações psicológicas.
No entanto, também existem pessoas excessivamente emotivas que, embora possam ter outros medos na vida , não receiam esta experiência em especial.
De fato, a beleza desta experiência exerce forte atração sobre essas pessoas, que a buscam avidamente.
Voltam-se para uma série de indivíduos, pois, do ponto de vista emocional, são ignorantes demais para entender o profundo significado de Eros.
Não se dispõem a aprender o amor puro;simplesmente usam a força erótica para o prazer e, quando este se esgota, buscam-no em outra parte.
Trata-se de um abuso, que não pode prosseguir sem más conseqüências.
Uma pessoa desse tipo precisará corrigir o abuso
– mesmo quando cometido por ignorância.
Da mesma forma, o covarde, o medroso demais,
precisará compensar a tentativa de fraudar a vida,
escondendo-se de Eros e, assim, negando à alma um remédio valioso,desde que usado corretamente.
A maioria das pessoas dessa categoria tem na alma um ponto vulnerável que permite a entrada de Eros.
Também existe um pequeno número de pessoas que cercaram a alma com uma barreira tão sólida de medo e orgulho, que evitam inteiramente esse aspecto da experiência de vida e, dessa forma, prejudicam o próprio desenvolvimento.
O medo pode existir porque, numa vida anterior, houve experiências infelizes com Eros, ou talvez porque a alma ávida abusou da beleza da força erótica, sem transformá-la em amor.
Em qualquer um dos casos, a personalidade pode ter decidido ser mais cautelosa.
Se essa decisão for radical demais ou severa demais,
virá em seguida o extremo oposto.
Na próxima encarnação, serão escolhidas circunstâncias propícias ao equilíbrio, até a alma atingir um estado harmonioso em que não haja mais extremos.
Esse equilíbrio em encarnações futuras sempre se aplica a todos os aspectos da personalidade.
Para chegar pelo menos perto da harmonia, é preciso conseguir o devido equilíbrio entre razão, emoção e vontade.
A experiência erótica muitas vezes se combina com o impulso sexual, mas nem sempre precisa ser assim.
Essas três forças – amor , Eros e sexualidade
– muitas vezes aparecem totalmente separadas,
enquanto às vezes duas delas se combinam, como Eros e sexualidade, ou Eros e amor, na medida em que a alma é capaz de amor, ou de sexualidade e aparência de amor.
Somente nos casos ideais essas três forças se combinam harmoniosamente.
A FORÇA SEXUAL
A força sexual é a força criadora em qualquer plano de existência.
Nas esferas superiores, essa mesma força cria a vida espiritual, as idéias espirituais, os conceitos e princípios espirituais.
Nos planos inferiores, a força sexual pura e não espiritualizada cria a vida à medida que ela se manifesta nessa esfera em especial; cria a casca exterior , ou o veículo da entidade destinada a viver naquela esfera.
A força sexual pura é totalmente egoísta.
O sexo sem Eros e sem amor é chamado de animalesco.
O sexo puro existe em todas as criaturas vivas:nos animais, nas plantas e os minerais.
Eros começa com o estágio de desenvolvimento em que a alma encarna como ser humano.
E o amor puro é encontrado nos reinos espirituais superiores.
Isto não significa que Eros e sexo não existem nos seres de desenvolvimento superior, mas sim que os três se misturam harmoniosamente, são aprimorados e tornam-se cada vez menos egoístas.
Também não quero dizer que o ser humano não deva tentar conseguir uma mistura harmoniosa dessas três forças.
Em casos raros, Eros sozinho, sem sexo e sem amor,
existe por um período limitado.
Este fenômeno é comumente denominado amor platônico.
No entanto, mais cedo ou mais tarde, Eros e sexo se fundem na pessoa razoavelmente saudável.
A força sexual, em vez de ser eliminada, é incorporada à força erótica, e ambas fluem em uma só corrente.
Quanto mais as três forças permanecem separadas,
menos saudável é a personalidade.
Outra combinação freqüente, principalmente em relacionamentos prolongados, é a coexistência do autêntico amor com sexo, mas sem Eros.
Embora o amor não possa ser perfeito se não houver uma combinação das três forças, existe certa dose de afeto, companheirismo, amizade, respeito mútuo e um relacionamento sexual apenas sexual, sem a centelha erótica que desapareceu há algum tempo.
Quando Eros está ausente, o relacionamento sexual acaba sofrendo.
Este é o problema da maioria dos casamentos.
É difícil encontrar um ser humano que não fique desorientado diante da questão do que fazer para manter no relacionamento essa chama que parece fenecer à medida que se instala o hábito e a familiaridade com o outro.
Talvez vocês não tenham enunciado a pergunta em termos de três forças distintas, mas sabem e sentem que falta no casamento alguma coisa que estava presente no início; a chama é, na verdade, Eros.
Vocês se vêem num círculo vicioso, achando que o casamento é uma proposta sem solução.
Mas pode atingir um nível que pode ser considerado ideal.
A PARCERIA IDEAL DO AMOR
Na parceria amorosa ideal entre duas pessoas, é preciso que as três forças estejam representadas.
Com o amor parece que vocês não têm muita dificuldade, pois na maioria dos casos as pessoas não se casam se não houver pelo menos a disposição de amar.
Não vou discutir, a esta altura, os casos extremos em que isso não acontece.
Estou examinando o relacionamento em que foi tomada uma decisão madura, e, no entanto, os parceiros não conseguem evitar a armadilha que os prende ao tempo e aos hábitos, porque o esquivo Eros desapareceu.
Com o sexo, a questão é em grande parte igual.
A força sexual está presente na maioria dos seres humanos saudáveis e só pode começar a declinar
– principalmente nas mulheres – quando Eros se vai.
Os homens, então, podem procurar Eros em outro lugar.
Pois o relacionamento sexual acaba sofrendo se Eros não for mantido.
O que fazer para manter Eros ?
Está é a grande questão.
Eros só pode ser mantido se for usado como ponte para a verdadeira parceria amorosa, no sentido mais elevado.
Como isso acontece ?
A BUSCA DA OUTRA ALMA
Primeiro, vamos examinar o principal elemento da força erótica.
Ao analisá-lo, vocês descobrirão que é a aventura, a busca do conhecimento de outra alma.
Esse desejo vive em todo espírito criado.
A força vital inerente precisa, no fim, tirar a entidade de seu estado de separação.
Eros fortalece a curiosidade pelo outro ser.
Enquanto houver algo de novo para descobrir na outra alma, e enquanto vocês se revelam.
Eros vive.
No momento em que vocês acreditam que descobriram tudo o que há para descobrir, e que revelaram tudo o que há para revelar.
Eros parte.
Com Eros, é simplesmente assim.
Mas o grande erro é acreditar que há um limite para a revelação de qualquer alma, sua ou do outro.
Quando se atinge determinado ponto de revelação,
normalmente bastante superficial, vocês têm a impressão de que isso é tudo, e acomodam-se numa vida plácida, sem outras buscas.
Eros, com seu forte impacto, levou você até esse ponto.
Mas daí em diante, a vontade de continuar buscando as profundezas sem limites do outro e, voluntariamente,
revelar e expor a sua própria busca interior, determina se vocês usaram ou não o Eros como ponte para o amor – o que por seu turno, é sempre determinado pela vontade de aprender a amar.
Só assim vocês manterão a chama de Eros no amor.
Só assim vocês continuarão a descobrir o outro e a permitir que ele os descubra.
Não há limite, pois a alma é infinita, é eterna: toda uma vida não seria suficiente para conhecê-la.
É impossível chegar a um ponto em que vocês conhecem totalmente a outra alma ou que ficam totalmente conhecidos.
A alma é viva, e nada do que é vivo permanece estático.
Ela tem a capacidade de revelar camadas ainda mais profundas.
A alma também está em constante mudança e movimento ,como é da própria natureza de tudo o que é espiritual.
Espírito significa vida, e vida significa mudança.
Como a alma é espírito, ela jamais pode ser conhecida na sua totalidade.
Se as pessoas fossem sábias, perceberiam esse fato e fariam do casamento a maravilhosa jornada de aventura que ele deve ser, em vez de se deixarem levar apenas até onde vai o impulso inicial de Eros.
Vocês deveriam usar esse poderoso momentum de Eros como impulso inicial, e depois encontrar, por meio dele , o ímpeto para prosseguir por conta própria.
Nesse momento, Eros se incorpora ao verdadeiro amor do casamento.
AS ARMADILHAS DO CASAMENTO
Por trás da instituição do casamento existe um propósito divino que não se limita à mera procriação.
Esta é apenas um detalhe.
A idéia espiritual do casamento é deixar que a alma se revele e se empenhe na busca constante do outro, para descobrir constantemente novos prismas do outro ser.
Quanto mais isso acontece, mais feliz é o casamento,
mais firmes e seguras serão as suas raízes, e menos sujeito ele fica a um final infeliz.
Ele terá, então, preenchido sua finalidade espiritual.
Na prática, contudo, dificilmente o casamento funciona assim.
Atinge-se determinado grau de familiaridade e conduta habitual, em que um acha que conhece o outro.
Nem sequer ocorre ao parceiro que ele só conhece algumas facetas do outro, mas isso é tudo.
Essa busca do outro, bem como da auto-revelação,
exige atividade interior e vigilância.
Mas como a inatividade interior é uma tentação freqüente, enquanto a atividade exterior pode ficar mais forte como forma de compensação, as pessoas são induzidas a mergulhar num estado de repouso,
acalentando a ilusão de já conhecerem completamente o outro.
Esta é a armadilha.
No pior dos casos, é o começo do fim; no melhor dos casos, é um acordo que deixa um atormentador desejo insatisfeito.
A essa altura, o relacionamento passa a ser estático.
Já não está vivo, mesmo que possa ter facetas muito agradáveis.
O hábito é o grande sedutor que empurra para a acomodação e a inércia, para que não seja mais preciso se esforçar nem ficar atento.
O casal pode organizar um relacionamento aparentemente satisfatório que, com o passar dos anos , oferece duas possibilidades.
A primeira é a insatisfação aberta e consciente de um ou dos dois parceiros.
Pois a alma precisa lançar-se adiante, descobrir e ser descoberta, para que possa vencer a separação, a despeito do quanto o outro lado da personalidade receia a união e é tentado pela inércia.
Essa insatisfação é consciente – embora, na maioria dos casos, sua verdadeira causa seja ignorada
– ou inconsciente.
Nas duas eventualidades, a insatisfação é mais forte que a tentação representada pelo conforto da inércia e da acomodação.
O casamento, então, é desfeito, e um dos parceiros, ou ambos, se iludem acreditando que será diferente com um novo parceiro, principalmente se Eros tiver feito uma nova investida.
Enquanto esse princípio não for compreendido, a pessoa pode passar de uma parceria para outra, sendo capaz de manter seus sentimentos apenas pelo tempo que Eros atua.
A segunda possibilidade é que a tentação de um simulacro de paz seja mais forte.
Nesse caso, os parceiros podem continuar juntos e podem, sem dúvida, preencher alguma necessidade juntos, mas uma grande necessidade insatisfeita sempre fica rondando a alma.
Como os homens, por natureza, são mais ativos e aventureiros, tendem para a poligamia e, portanto, são mais tentados pela infidelidade do que as mulheres.
Assim, vocês podem entender qual é o motivo da inclinação dos homens à infidelidade.
As mulheres tendem a ser muito mais acomodadas e,
portanto, mais preparadas para um acordo.
É por isso que tendem à monogamia.
É claro que há exceções, nos dois sexos.
Essa infidelidade muitas vezes é tão desconcertante para o parceiro ativo como para a “vítima”.
Eles não se entendem.
O parceiro infiel pode sofrer tanto quanto aquele cuja confiança foi traída.
Na situação em que o acordo é a solução escolhida, as duas pessoas caem na estagnação, pelo menos em um aspecto muito importante do desenvolvimento da alma.
Elas se refugiam na reconfortante estabilidade do relacionamento.
Podem até mesmo acreditar que são felizes, o que pode ser verdadeiro até certo ponto.
As vantagens da amizade, do companheirismo, do respeito mútuo e a vida agradável da alma, e os parceiros podem ser suficientemente disciplinados para permanecerem fiéis um ao outro.
Contudo, falta no relacionamento um elemento importante: a revelação de alma a alma na maior medida possível.
O VERDADEIRO CASAMENTO
Só quando duas pessoas fazem isso é que elas podem ser purificadas juntas e, assim, ajudar uma à outra.
Duas almas desenvolvidas podem satisfazer-se mutuamente através da revelação e da procura das camadas profundas da alma do outro.
Dessa forma, o que está em cada uma das almas aflora à mente consciente, ocorrendo a purificação.
A chama da vida, então, é mantida, para que o relacionamento nunca fique estagnado nem degenere num beco sem saída.
Para vocês, que estão nesse caminho e seguem os vários passos desses ensinamentos, será mais fácil superar as armadilhas e os perigos do relacionamento conjugal e reparar os danos que ocorreram inadvertidamente.
Dessa forma, além de conservar Eros, essa vibrante força vital, vocês também a transformam em verdadeiro amor.
Somente numa verdadeira parceria entre o amor e Eros é possível descobrir no parceiro novos níveis de existência até então despercebidos.
E vocês mesmos também serão purificados , na medida em que puserem o orgulho de lado e se revelarem como realmente são.
O relacionamento sempre será novo, a despeito do quanto acham que já conhecem o parceiro.
Todas as máscaras caem por terra, e não apenas as superficiais, mas até mesmo as mais profundas, de cuja existência vocês poderiam não ter ciência.
O amor, então, continuará vivo.
Jamais será estático; jamais irá estagnar.
Vocês nunca precisarão buscá-lo em outro lugar.
Existe tanto para ver e descobrir nesse território da outra alma escolhida, que vocês continuam a respeitar,
mas da qual parece estar ausente a centelha vital que os uniu no passado.
Vocês jamais precisarão ter medo de perder o amor do ser amado; esse medo só é justificado para os que,
juntos, se abstém de correr o risco da jornada de auto-revelação.
Este, é o casamento na sua verdadeira acepção, e esta é a única forma em que ele pode ser a glória que deve ser.
A SEPARAÇÃO
Cada um de vocês deve refletir profundamente para ver se tem medo de deixar as quatro paredes do seu isolamento.
Existem aquelas pessoas que não percebem que ficar separado é quase um desejo inconsciente.
Com muitos de vocês, é isso o que ocorre: vocês querem o casamento, porque uma parte de vocês anseia por ele
– e também porque não querem ficar sozinhos.
Pode haver outras razões, bastante superficiais e vãs,
para explicar o profundo anseio da alma.
Mas, à parte esse anseio e à parte os motivos superficiais e egoístas do desejo insatisfeito da parceria , precisa haver também disposição para correr o risco da jornada e aventurar-se na auto-revelação.
É preciso que vocês preencham uma parte integrante da vida
– se não nesta vida, em vidas futuras.
Se você estiver sozinho, poderá, com esse conhecimento e com essa verdade, reparar o dano que causou à própria alma, abrigando conceitos errados no inconsciente.
Talvez você descubra o medo de se lançar com o outro na aventura da grande jornada,o que explicaria o fato de estar sozinho.
Essa compreensão deve mostrar-se útil e pode até possibilitar uma mudança das emoções suficiente para mudar também sua vida externa.
Depende de você.
Quem não estiver disposto a correr o risco dessa grande aventura não pode ter êxito na maior felicidade que a humanidade conhece
– o casamento.
A ESCOLHA DO PARCEIRO
Só quando vocês estiverem assim preparados poderão,
diante do amor, da vida e do outro ser, conceder ao ser amado a maior das dádivas: o verdadeiro Eu.
E, então, receberão inevitavelmente a mesma dádiva do ser amado.
Mas, para isso, é preciso que exista certo grau de maturidade espiritual e emocional.
Se essa maturidade estiver presente, vocês escolherão intuitivamente o parceiro certo, alguém que, em essência, tem a mesma maturidade e preparo para iniciar essa jornada.
Cada um atrai magneticamente as pessoas e as situações que correspondem aos seus desejos e medos inconscientes.
Vocês sabem disso.
A humanidade no seu todo está muito longe desse ideal do casamento de eus autênticos; porém, isso não altera a idéia nem o ideal.
Nesse ínterim, é preciso aprender a tirar o melhor partido da situação.
Aqueles que, felizmente, já estão nesse caminho podem aprender muita coisa, independentemente do quanto já tenham avançado
– mesmo que seja apenas o conhecimento da razão por que não conseguem concretizar a felicidade que uma parte da alma deseja.
Descobrir esse fato já é um grande passo e permitirá que vocês, nesta vida ou em vidas futuras, cheguem mais perto da concretização dos seus anseios.
Qualquer que seja a situação em que se encontrem,
estejam acompanhados ou sozinhos, sondem o coração : lá está a resposta ao conflito.
A resposta precisa vir de dentro, e com toda a probabilidade está relacionada com o medo, com o despreparo e com a ignorância dos fatos.
Procurem e vocês saberão.
Saibam que o propósito do Criador para a parceria do amor é a completa revelação mútua entre duas almas
– e não uma revelação parcial.
Para muitos, a revelação física é fácil.
Emocionalmente, a abertura vai até certo ponto
– em geral, até onde Eros leva.
Mas, então, vocês fecham a porta, e nesse momento começam os problemas.
Muitos não estão dispostos a revelar coisa alguma.
Querem continuar sozinhos e distantes.
Não querem passar pela experiência de se revelarem,
de descobrir a alma do outro.
Evitam fazê-lo de todas as formas a seu alcance.
EROS COMO PONTE
Procurem entender como é importante o princípio erótico na esfera em que vocês vivem.
Ele ajuda muitos que podem estar relutantes e despreparados para a experiência do amor.
É o que vocês chamam de “apaixonar-se”,“ter um romance”.
Por meio de Eros, a personalidade experimenta uma amostra do que poderia ser o amor ideal.
Como eu disse anteriormente , muitos usam esse sentimento de felicidade com descuido e avidez, não chegando a atravessar o limiar do verdadeiro amor.
O verdadeiro amor exige muito mais das pessoas, no sentido espiritual.
Se não satisfizerem essa exigência , elas não atingirão a meta pela qual a alma luta.
Essa atitude extremada de sair à cata de romance é tão errada quanto a outra , em que nem mesmo a grande força de Eros pode passar pela porta cerrada.
Mas, na maioria dos casos, quando a porta não está firmemente cerrada, Eros chega até vocês em determinados estágios da vida.
O fato de conseguirem usar Eros como ponte para o amor depende de cada um.
Depende do desenvolvimento, da disposição, da coragem, da humildade, da capacidade de se revelar.
Você poderia perguntar: quando eu falo sobre a revelação de uma alma para outra, está querendo dizer que, num plano superior, é assim que a alma se revela ao Criador ?
É a mesma coisa.
Mas antes de poder verdadeiramente revelar-se ao Criador, você precisa aprender a revelar-se a outro ser humano que você ame.
Ao fazê-lo, você também se revela ao Criador.
Muitas pessoas querem começar revelando-se ao Criador pessoal.
Entretanto, na verdade, no fundo de seu coração, essa revelação ao Criador não passa de um subterfúgio, pois é abstrata e remota.
Nenhum ser humano pode ver ou ouvir o que elas revelam.
Elas continuam sozinhas.
Não é preciso fazer a única coisa que parece tão arriscada, que requer tanta humildade e, assim, ameaça ser humilhante.
Ao se revelar ao outro ser humano, você realiza muita coisa que não pode ser realizada por meio da revelação ao Criador, que de qualquer forma já conhece você e,
na verdade, não precisa da sua revelação.
Quando você encontra e conhece outra alma, cumpre o seu destino.
Quando você encontra outra alma, encontra também outra partícula do Criador e, se você revela a sua própria alma, revelará uma partícula do Criador e dará algo divino ao outro.
Quando Eros vem ao seu encontro, ele o eleva bem alto , para que você sinta e saiba o que, no seu íntimo,
anseia por essa experiência e o que é o seu verdadeiro Eu, que deseja revelar-se.
Sem Eros, você tem ciência apenas das camadas externas acomodadas.
Não evite Eros, quando ele quiser ir ao seu encontro.
Se você entender a idéia espiritual que está por trás dele, poderá usá-lo com sabedoria.
Seu eu-Criador será capaz, então, de guiá-lo e capacitá-lo a ajudar da melhor forma a outro ser humano e a si mesmo, no caminho do verdadeiro amor, do qual a purificação deve ser parte integrante.
Embora o seu trabalho de purificação por meio do relacionamento de compromisso profundo se manifeste de forma diferente do trabalho neste caminho, ele o ajudará a fazer uma purificação da mesma ordem.
Outra pergunta que poderia ser feita é sobre a poligamia: se ela está de acordo com a lei espiritual ou não.
Não, com certeza não está.
Quando alguém acha que a poligamia pode estar de acordo com o esquema do desenvolvimento espiritual,
trata-se de um subterfúgio.
A personalidade está em busca do parceiro certo.
Ou a pessoa é imatura demais para encontrar o parceiro certo, ou o parceiro certo está ali e a pessoa polígama está simplesmente se deixando levar pelo momentum do Eros, sem jamais elevar essa força até o amor volitivo que exige superação e esforço para ultrapassar o limiar mencionado acima.
Em casos como esse, quem tem a personalidade “aventureira” está em constante busca, sempre encontrando outra parte do seu ser, sempre
revelando-se apenas até certo ponto, e não mais, ou talvez revelando, a cada vez, outra faceta de sua personalidade.
No entanto, quando se trata do núcleo interior, a porta está fechada.
Eros, então, parte e começa uma nova busca.
Cada ocasião é uma decepção que só pode ser entendida quando essas verdades são captadas.
O instinto sexual bruto também entra no anseio por essa grande jornada, mas a satisfação sexual começa a ser prejudicada quando o relacionamento não é mantido no nível que estou mostrando.
Essa satisfação, de fato, é inexoravelmente de curta duração.
Não existe riqueza em revelar-se a muitos.
Nesses casos, ou a pessoa revela repetidamente as mesmas coisas para novos parceiros ou, como eu disse anteriormente, exibe diferentes facetas da sua personalidade.
Quanto maior o número de parceiros com os quais você se divide, menos dá a cada um.
Isso é inevitável.
Não pode ser diferente.
Algumas pessoas acreditam que podem eliminar o sexo ,Eros e o desejo por um parceiro, vivendo totalmente para o amor da humanidade.
Então, vamos analisar: é possível um homem ou uma mulher renunciarem a essa parte da vida ?
É possível, mas sem dúvida não é saudável, nem sincero.
Eu poderia dizer que talvez exista uma pessoa em dez milhões que tenha uma tarefa dessas.
Isso pode ser possível.
Pode ser o karma de uma alma específica, que já desenvolveu até esse ponto, que já passou pela experiência da verdadeira parceria e veio para uma missão específica.
Também pode haver algumas dívidas kármicas que precisam ser pagas.
Na maioria dos casos – evitar a parceria não é saudável.
É uma fuga.
A verdadeira razão disso é o medo do amor, o medo da experiência de vida, mas a renúncia medrosa é racionalizada como sendo um sacrifício.
Para qualquer pessoa que me procurasse com esse problema, eu diria “Examine-se melhor”.
Vá além das camadas superficiais do raciocínio e das explicações conscientes para a sua atitude a esse respeito.
Tente descobrir se você tem medo do amor e da decepção.
Não é mais confortável viver apenas para si e não ter dificuldades ?
Não é isto, na verdade, o que você sente no fundo e quer disfarçar com outras razões ?
O grande trabalho humanitário que você quer executar pode ser para uma causa realmente meritória, mas você acredita de fato que uma coisa exclui a outra?
Não é muito mais provável que a grande tarefa que você reivindicou para si seria mais bem executada se você também aprendesse o amor pessoal?”
Se todas essas perguntas fossem respondidas com sinceridade, a pessoa seria obrigada a ver do que está fugindo.
O amor e o preenchimento pessoais são o destino da maioria dos homens e mulheres, pois há muita coisa que só pode ser aprendida por meio do amor pessoal, e não por algum outro meio.
Formar um relacionamento sólido e durável pelo casamento é a maior vitória que um ser humano pode conquistar, pois é uma das coisas mais difíceis que existem, como bem se pode ver no seu mundo.
Essa experiência de vida leva a alma mais perto do Criador do que as boas ações desinteressadas.
Também podemos pensar: o celibato é considerado uma forma altamente espiritualizada de desenvolvimento, de acordo com algumas seitas realizadas.
Por outro lado, a poligamia também é admitida em algumas religiões
– por exemplo entre os mórmons.
O problema é como justificar essas atitudes por parte das pessoas que supostamente buscam a união com o Criador.
Há falhas humanas em todas as religiões.
Em uma religião pode haver um tipo de erro; em outras religiões, outro tipo.
Aqui, temos dois extremos.
Quando dogmas ou regras como essas passam a existir nas várias religiões, seja em um ou em outro extremo,
trata-se sempre de uma racionalização, de um subterfúgio a que a alma individual constantemente ocorre.
É uma tentativa de descartar, com boas motivações, as contracorrentes da alma com medo ou cobiçosa.
Há uma crença comum de que tudo o que diga respeito à sexualidade é pecaminoso.
Não é assim.
O instinto sexual já aparece no bebê.
Quanto mais imatura for a criatura, tanto mais a sexualidade estará separada do amor, sendo, portanto,
mais egoísta.
Qualquer coisa sem amor é “pecaminosa”, se você quiser usar essa palavra.
Nada que se associe ao amor é errado
– ou pecaminoso.
Na criança em crescimento, naturalmente imatura, o impulso sexual a princípio se manifesta de modo egoísta.
Apenas quando a personalidade como um todo cresce e amadurece harmoniosamente é que o sexo passa a integrar-se ao amor.
Por ignorância, a humanidade acredita há muito tempo que o sexo, em si, é pecaminoso.
Portanto, ele foi mantido oculto, e essa parte da personalidade não pode crescer.
Nada que permaneça oculto pode crescer; vocês sabem disso.
Portanto, mesmo em muitos adultos, o sexo permanece infantil e apartado do amor.
Isto, por sua vez, levou a humanidade a acreditar que a sexualidade é um pecado e que a pessoa verdadeiramente espiritualizada deve abster-se dele.
Esta é a origem de um desses círculos viciosos frequentemente mencionados.
Graças a crença na natureza pecaminosa do sexo, esse instinto não pode crescer e fundir-se com a força do amor.
Consequentemente, o sexo, de fato, muitas vezes é egoísta, rude, animalesco e desprovido de amor.
Se as pessoas percebessem – o que está começando a acontecer cada vez mais
– que o instinto sexual é tão natural e originário do Criador como qualquer outra força universal e que, em si mesmo, não é mais pecaminoso que qualquer outra força existente, elas romperiam esse círculo vicioso, e mais seres humanos permitiriam que seu impulso sexual amadurecesse e se misturasse ao amor
– e, aliás, também a Eros.
Há tantas pessoas para as quais o sexo é distinto do amor!
Elas não apenas ficam com a consciência pesada quando o impulso sexual se manifesta, como também se julgam incapazes de lidar com os sentimentos sexuais em relação à pessoa que realmente amam.
Devido às condições distorcidas e ao círculo vicioso que acabamos de descrever, a humanidade acabou acreditando que não se pode encontrar o Criador quando se reage ao impulso sexual.
Isto é totalmente errado; não se pode matar algo que está vivo.
Só se pode esconder, de modo que ele virá à tona de outras formas, que podem ser muito mais prejudiciais.
Só em raríssimos casos a força sexual é efetivamente sublimada de forma construtiva e faz com que essa criatividade se manifeste em outros planos.
A verdadeira sublimação jamais pode acontecer quando é motivada pelo medo e usada como fuga.
Também podemos perguntar: como se encaixa nestes contexto, a amizade sincera entre duas pessoas?
A amizade é amor fraternal.
Ela também pode existir entre um homem e uma mulher.
Eros pode querer se insinuar, mas a razão e a vontade mesmo assim podem determinar o rumo tomado pelos sentimentos.
O discernimento e o saudável equilíbrio entre razão,
emoção e vontade são necessários para impedir que os sentimentos se encaminhem para um canal inadequado.
Outra pergunta: o divórcio contraria a lei espiritual?
Não necessariamente.
Não temos regras fixas desse tipo.
Há casos em que o divórcio é uma saída fácil, uma simples fuga.
Em outros casos, o divórcio é razoável, porque a decisão de casar foi imatura e os dois parceiros não têm vontade de cumprir com a responsabilidade do casamento no seu verdadeiro sentido.
Se apenas um dos dois, ou nenhum deles, mostrar boa vontade, o divórcio é preferível a continuarem juntos,
transformando o casamento numa farsa.
A menos que ambos queiram empreender juntos esta jornada, é melhor romper do que deixar que um impeça o crescimento do outro.
É claro que isso acontece.
É melhor acabar com um erro do que persistir nele indefinidamente, sem encontrar um remédio eficaz.
A generalização de que o divórcio é sempre errado é tão incorreta quanto a afirmação de que ele é sempre certo.
Não se deve, contudo, romper o casamento levianamente.
Mesmo que este tenha sido um erro e não funcione,
deve-se tentar descobrir as razões disso e fazer o possível para identificar, e talvez superar as turbulências do caminho, desde que as duas pessoas tenham boa vontade em todos os aspectos.
Deve-se, certamente, agir com o maior empenho,
mesmo que o casamento não seja a experiência ideal sobre o que foi falado neste artigo.
Poucas pessoas estão suficientemente preparadas e amadurecidas para essa experiência.
Vocês podem preparar-se tentando aproveitar da melhor forma os erros passados e aprender com eles.
SHAUMBRA e NAMASTÊ !!!