*QUESTÃO 2*
SATSANG DO COLETIVO DO UM
12.10.2013 - POR ALTA
Questão 2
Não ter
praticado os diferentes protocolos, pois os descobri faz pouco tempo, isso me
atrapalha em alguma coisa, no
encaminhamento para a Verdade, para a Liberação final?
Obrigado.
Pascal W.
Resposta de Alta
Podíamos ter a impressão,
efetivamente, de que todos os protocolos que foram comunicados no Yoga da
Unidade, no Yoga da Verdade (para tomarmos
apenas alguns exemplos)
eram atalhos.
Hoje, os atalhos no caminho, não têm
mesmo mais razão de ser.
Eu os remeto à primeira questão, ou
seja, se vocês forem capazes, no momento em que essas Vibrações os apreenderem,
os tomarem, os pegarem, de fazer Silêncio,
eu lhes diria que não há um protocolo
melhor, não há uma atitude melhor a tomar.
Evidentemente, tudo depende de onde
vocês partem, seja qual for a distância podendo existir entre aí onde vocês se
situam e esta Liberação.
Esta distância é em função unicamente
das identificações,
das crenças, das mágoas, é claro, de
tudo o que vocês identificaram com a sua própria história, com o seu próprio
caminho, com as suas próprias concepções de um caminho,
de uma evolução, de uma elevação
Vibratória.
Hoje, como nos disseram e como isso é
cada vez mais evidente, é preciso ir para cada vez mais Simplicidade, para cada
vez mais evidência.
Se vocês forem capazes de se Abandonar,
se vocês forem capazes de safar-se, de deixar passar a ideia de emoções, a
ideia do mental, a ideia da compreensão, vocês nada têm que fazer.
Se, para vocês, parecer útil adotar
alguns protocolos que vão ajudá-los a efetuar, a realizar uma elevação
Vibratória (quer seja com cristais, quer seja
com a respiração),
façam-no.
Há apenas vocês, pessoalmente,
individualmente, que podem julgar o que é mais adequado para vocês.
Eu quero reforçar ainda este conceito
de Simplicidade.
Quanto mais vocês se esquecerem de si
mesmo, quanto mais vocês entrarem neste conceito de nada fazer
(não intervir), de observador e do desaparecimento do observador, mais
isso lhes será evidente.
Vocês têm inúmeros testemunhos de
pessoas que participaram de satsang (quer
seja com Mooji, quer seja com Papaji que morreu; eu não vou citar todos os
nomes porque há um monte, incluindo o Neo-Advaita que foi iniciado por Papaji), e que Basculam, que fazem esse ‘Switch’ da
consciência no espaço de um minuto.
Simplesmente estando Presente,
simplesmente estando em Silêncio, estando Presente a si mesmo.
Presente ao que é dito, Presente no
Silêncio e na Presença do outro.
Há testemunhos, hoje, que são muito
mais interessantes do que as conversas de Nisargadatta durante a sua vida, que relatam esse Fogo que está
presente, que se revela, a partir do momento em que vocês aceitam deixar
Trabalhar.
É preciso compreender que a Liberação
jamais será,
jamais, um trabalho do ego, porque a
Liberação sempre esteve aí.
Dito de outra forma, vocês não podem
sair da prisão estudando a prisão.
Vocês não conhecem o que existe fora
da prisão.
A única maneira de conhecer e de ser
Isso é,
evidentemente, saindo da prisão.
‘Sair da prisão’ significa aceitar, não buscar um meio de sair,
mas se colocar a questão da realidade
da prisão.
Porque, na realidade, quando vocês
estão na Outra Margem, seja qual for o seu caminho, há pessoas que estão no caminho desde 20 anos e, depois de 20 anos, elas se apercebem de que esse
caminho é uma ilusão, mas enquanto não estivermos na Outra Margem, é claro, não
podemos vê-lo, não podemos vivê-lo.
Portanto, agora, é preciso, aí
também, mudar de ponto de vista, mudar a localização da consciência.
Não dizendo “eu quero sair da prisão”,
porque isso seria um erro, pois dizer “eu quero
sair da prisão” é negar a vida.
Eu não falo unicamente da vida sobre
este mundo, neste corpo, neste complexo inferior, mas da Vida, em tudo.
Ora, a prisão é uma ilusão da Vida.
Portanto, é necessário ver o que,
para vocês, é mais fluido,
é mais evidente.
No momento em que ocorrer alguma
coisa irrompendo no seu complexo inferior (emoções,
mental, personalidade),
deixem que isso seja trabalhado.
De qualquer modo, há um ditado que
não mente,
“reconhecemos a árvore pelos seus
frutos”.
Ou seja, após esses processos de
Vibração, se vocês tiverem deixado Trabalhar, se vocês não tiverem cultivado o
medo, se vocês não tiverem dado atenção à necessidade de explicação, então
vocês irão rapidamente constatar os frutos.
O primeiro desses frutos, é claro,
que é mais ou menos estável segundo a intensidade do seu Abandono, eu diria, é
a Paz, a Alegria, que não depende de qualquer sujeito nem de objeto, e um estado
de linearidade da consciência que está cada vez menos submisso a esta questão
de questionamento, de caminho, de evolução e até mesmo de Vibração.
O Silêncio é algo de que falamos cada
vez mais.
Novamente, como eu disse nos últimos Satsang,
esse Silêncio não consiste em permanecer sobre uma cadeira sem nada fazer,
aguardando que isso chegue, mas em levar a vida, tal como a Vida nos propõe, e
deixar estabelecer a Luz, a fim de tornar-se esta Luz que nós somos.
A Liberação não decorre da saída da
prisão, já que a prisão não existe. Isso é uma mudança de ponto de vista.
Não é um ponto de vista mental, mas
um ponto de vista de localização da consciência, até o seu Basculamento final
que, eu os lembro, é a A-Consciência, ou seja, a perda de identificações, perda de
referências, vivenciado na plena aceitação que os faz descobrir a Verdade.
Não a verdade pessoal, mas a Verdade
do Brahman,
Do Parabrahman, do Paramatman (sejam quais forem os nomes que vocês empregarem).
Vocês podem denominá-lo Isso, Amor, Absoluto, Último,
mas são apenas qualificativos de algo
que está além de qualquer estado e que é vivido.
Assim que nós colocamos palavras, nós
saímos da Verdade,
porque a palavra jamais pode ser a
verdade.
Ela é dependente das circunstâncias
da nossa educação,
dependente das circunstâncias da
nossa cultura, do nosso passado.
As palavras jamais serão a Verdade.
Por outro lado, a Vivência é
verídica.
Essa Vivência reflete e se expressa
pelos frutos.
Os frutos mais importantes são esta
Paz, esta Tranquilidade, esta Beatitude, este Silêncio.
Ou seja, tudo o que vem nos colocar
neste estado de adequação, de coincidência, onde não há mais questão.
Isso é a Graça!
Evidentemente, neste estado de Graça,
como foi dito e repetido por muitos autores, há duas leis no Universo:
aquela da ação-reação, aquela que nós
todos conhecemos,
a da prisão, que tem suas próprias
leis, o seu próprio karma, gerada pelos
Arcontes e não pela A FONTE, e há a Lei da Graça, do Amor, ou seja, a nossa Natureza
Essencial que sempre esteve aí e que simplesmente esperou que nós a víssemos.
É a alegoria da caverna de Platão
sobre a qual eu não vou voltar, mas aqui está um exemplo semelhante: eu estou
na sombra de uma árvore e a árvore está atrás de mim, e é como se eu apreciasse
a sombra sem saber que há uma árvore.
Basta me virar para ver a árvore.
É a mesma coisa para a Liberação.
Isso não é algo que é amanhã.
Isso não é algo que depende de um
karma a ser purificado.
Isso não é algo que depende de um
caminho a percorrer.
Isso sempre esteve aí.
O melhor modo de expressá-lo é esta
famosa mudança de olhar, esta famosa mudança de ponto de vista que nos faz
passar da distância para a coincidência, depois para a identificação do que
sempre esteve aí.
Então, é claro, enquanto estivermos
no ego, enquanto acreditarmos em um caminho espiritual, isso nos parece como
totalmente impossível, como totalmente ilusório,
como totalmente ‘estando em um estado anormal’.
Portanto, isso está realmente
associado a uma cultura.
Todos nós, queiramos ou não, ainda
estamos subjugados no nível do nosso complexo inferior (mental, jogo,
personalidade, emoções), que foi chamado de ‘sistema
de controle do mental humano’, a essas
argamassas de chumbo que nos rodeiam e nos confinam, às quais estamos
conectados pelas linhas de predação (que
estão em via de Dissolução, que foram Dissolvidas por alguns Seres desde um ano
e que se afrouxam cada vez mais).
Então, há, não uma oportunidade neste
período particular,
mas, de preferência, um esforço no
não esforço, ou seja,
aceitar a possibilidade de que nós
nada somos, mas absolutamente não do que nós acreditamos ser.
Não para negar, mas, bem mais, com o
entendimento de refutar.
Não para negar este efêmero, porque
este efêmero também está inscrito em alguma parte nesta Eternidade.
Então, quanto aos protocolos, isso
depende de vocês, da sua necessidade inscrita em meio ao complexo inferior de
praticar os exercícios.
Naturalmente, não é questão de negar
a utilidade, até certo ponto, do Yoga, do Despertar da Kundalini, da Descida do Espírito Santo, do Despertar das Coroas
Radiantes, da ativação da Onda da Vida.
Como disse Nisargadatta
durante a sua vida a alguém que lhe falou agora, nessa época (nos anos 70-80),
de estar em contato com Maharshi, é preciso largar tudo isso, ir além disso.
Isso não quer dizer que este próprio
Encontro Multidimensional seja uma ilusão, mas é uma ferramenta.
Não vejam isso como uma finalidade.
A finalidade não é ter MARIA no Canal Mariano ou no Coração, não é ouvir MARIA ou canalizar MARIA.
A finalidade é reencontrar o que nós
Somos.
Esses elementos Vibratórios, quer
seja pelo Canal Mariano,
por essas Presenças
Multidimensionais, eles são apenas uma ferramenta que nos permite
aproximarmo-nos desse Clique, enquanto estivermos inscritos em meio ao complexo
efêmero.
Mas, a partir do momento em que vocês
Bascularem, não há qualquer motivo para pensar ou imaginar ter um caminho, ter
um karma para ser purificado, ter uma progressão espiritual para realizar, já
que tudo sempre esteve aí.
Naturalmente, para o ego, isso sempre
irá permanecer um engano, uma ilusão, e algo muito frustrante.
Em alguns textos de Shankara que, eu os lembro, foi a pessoa que no século VIII especificou
tudo o que está relacionado com a Não Dualidade, é preciso bem compreender que tudo isso, para aquele que
não vive isso,
corre o risco de entrar em reação e,
primeiramente, com nós mesmos.
Ou seja, quando não somos Absoluto e
quando estamos,
sobretudo, em um caminho espiritual
que já dura muito tempo (e mais avançados na idade), mais há resistências.
Então, a melhor forma não é combater
as resistências
(e, eu os lembro, essa é uma regra
geral que encontramos tanto na síndrome geral de adaptação, como em meio à
personalidade).
Tudo ao que vocês se opuserem, vai se
reforçar.
Então, não é preciso resistir.
A partir do momento em que vocês se
opuserem ao Absoluto, vocês próprios se condenam a permanecer na ação-reação.
Ora, vocês não podem estar na
ação-reação e estar na Ação da Graça.
É preciso escolher, e esta escolha
não é mental.
Essa é uma escolha da própria
consciência que não depende de qualquer Yoga, de qualquer técnica, de qualquer
Despertar da Kundalini, de qualquer Vibração, e é o que
acontece quando vocês estão no Silêncio.
É o que acontece até mesmo quando a
Vibração chega e os apanha à noite, quando vocês estão neste estado de
Beatitude, de Paz, ou de serenidade.
Em todo caso, nesse Silêncio, porque
esse Silêncio é a verdadeira cura.
Esse Silêncio é transformador.
Basta ver, como eu disse, o número de
pessoas que, hoje,
se Liberam sem nada conhecer da
espiritualidade, sem nada conhecer até mesmo do funcionamento do ego no
complexo inferior.
Simplesmente, colocando-se em
Ressonância, em sintonia com um Ser que é capaz de Testemunhar.
O Absoluto não é um ensinamento.
O Absoluto dificilmente é colocado em
palavras.
Nós apenas podemos ser um Testemunho
Vivo.
Então, às vezes, isso pode ser feito
através da arte.
Isso pode ser feito por testemunhos
escritos.
Mas, ainda uma vez, isso não é o que
está escrito, não é o que é mostrado em uma pintura.
Isso acontece em um nível
subconsciente, e não inconsciente, que virá fazer o “Switch”, que virá fazê-los Bascular, sem que
vocês ali coloquem a sua vontade, a sua personalidade.
Eis o que eu podia responder para esta Questão 2.
Então, façam o que vocês quiserem, o
que vocês sentirem que é bom para vocês.
Seja o que for que vocês fizerem, vai
chegar um instante,
um momento, em que tudo isso vai
desaparecer.
É esse momento que é reparável entre
todos, porque ele confere os frutos que são da ordem da Paz, da equanimidade,
para viver o que a vida nos oferece até mesmo nos seus aspectos ilusórios, mas,
naquele momento, nós não somos mais um ator, nós sequer somos mais um
observador.
Olhamos isso se desenrolar de um
outro ponto de vista.
Isso não é, tampouco, não estar
enraizado ou não estar ancorado.
Isso é simplesmente não mais estar
submisso à lei da ação-reação, não mais estar submisso ao karma.
Simplesmente, não mais deixar o ego
ficar em destaque,
mas estar realmente na Graça.
A Graça não é um conceito
intelectual.
É algo que se vive realmente,
concretamente, a cada minuto, a partir do momento em que tivermos feito essa Reversão.
Como dizia Krishnamurti, é o momento em que passamos do outro lado, na Outra
Margem, e quando tomamos consciência.
Tenham cuidado para não pararem
durante a travessia!
Se tanto é que podemos falar de
travessia, porque há muitas tentações durante a travessia.
Eu os remeto à experiência, agora
comum e conhecida, do que chamamos de ‘experiência
de morte iminente’ (“near
death experience”) onde passamos justamente por essas
diferentes etapas, quando temos a tendência de não querer prosseguir com os
membros da família, para encontrarmo-nos com os Seres ditos de Luz.
Aqueles que vão mais longe são
justamente os que não perdem tempo neste atrativo, e que irão diretamente nesta
Luz (não para parar nesta Luz, ou seja,
no corpo de Estado de Ser), mas para
atravessar a Luz a fim de ir ao que está além d’A FONTE, ou seja, ao Parabrahman, e de tornar-se si mesmo o Parabrahman,
o Absoluto, Isso, esse Silêncio.
Tomar consciência do que jamais
partiu.
Tomar consciência de que nós somos
Amor, de que nós somos Luz, de que nós somos Eternidade, e que nada há a fazer
para amplificar ou para fazer aparecer algo que sempre esteve aí
Está aí o eu posso lhe dizer.
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Blog: Satsang do Coletivo do Um – Questão 2 (12-10-2013)
Transcrição do texto (em francês): Marie-Louise Gaston
Tradução para o português: Zulma Peixinho