MINHA MESTRIA: O GRUPO COMO ESCORA DO EU - MARTIUS DE OLIVEIRA
Martius: Faço aqui a inclusão de um texto da escritora e terapeuta Chris Griscom em seu livro “A Cura da Emoção” :
O Grupo como escora do Eu
Os maias e os astecas jogavam em grupo pela sobrevivência. Os romanos estimulavam os sentidos assistindo ao martírio dos cristãos no Coliseo. Não faz diferença brigarmos por uma bola, lançar um semelhante aos leões ou matar os fãs de um time adversário de futebol por falarem outra língua ou exibirem outras cores. No final das contas a questão é a dinâmica do grupo específica que leva as pessoas a abrirem mão de sua identidade pessoal só para dizerem que fazem parte do grupo. De um lado o grupo ou a reunião de pessoas nos dão a suposta segurança de uma nova unidade, maior do que a soma das personalidades individuais. Por outro lado, também alteram automaticamente os nossos poderes de percepção e o nosso modo de comportamento. O corpo emocional individual encontra, nos grupos, impulsos que correspondem a seus preconceitos, predisposições e valores, e consegue intensificá-los a tal ponto que podem bloquear todo pensamento racional.
Esperamos encontrar, quando participamos de um grupo, a satisfação de que carecemos na nossa vida individual. Percebemo-nos num contexto tão estreito e limitado, que procuramos a excitação e a estimulação do grupo para preencher as lacunas em atividade e significado. O grupo nos oferece uma medida externa, um selo de aprovação, pelos quais julgamos o nosso valor e nos identificamos. Expandimos a nossa auto-imagem ligando-nos a um grupo, que se transforma numa escora indispensável para criar as ilusões que concluímos serem necessárias a nossa sobrevivência no mundo.
Utilizar um grupo como escora é muito desvantajoso para o autodesenvolvimento porque o eu verdadeiro fica oculto por trás da nuvem de identidade falsa. A raiva e o medo, costumam encontrar expressão na causa, na campanha e na ideologia abraçadas pelo grupo. Com grande frequência a mente do grupo justifica atos irracionais ou mesmo destrutivos utilizando como critério apenas o seu poder coletivo. A troca de agressões e temores entre adversários políticos, seguidores de várias religiões, membros de clubes esportivos e assim por diante torna-se exagerada pela intoxicação de poder a nível de massas.
O lado negro da natureza humana é que, em grupo, participamos da destruição de uma maneira com a qual jamais sonharíamos sozinhos. A máscara do grupo possibilita a justificação do injustificável, que nos lança em um abismo cármico. Em todos os casos de erupções emocionais de massa, os participantes estão sofrendo de uma falsa identificação do corpo emocional com formações grupais externas fictícias, imagens fantasmas, e superegos – exatamente como no nível pessoal, mas com um resultado mais trágico.
O processo de identificação e as resultantes energias emocionais ficam muito mais claros e intensos na afiliação com um grupo porque nele a pessoa pode, em certo sentido e em certo nível, experienciar a participação de uma entidade maior do que o indivíduo.
Torna-se evidente, sobretudo depois de considerarmos as circunstâncias descritas acima, que uma nova maneira de pensar, uma percepção expandida da nossa consciência e do nosso ser pode por si mesma mudar para sempre a nossa existência na Terra. Se reconhecermos que não existem estranhos, inimigos, “outros”, que todas as pessoas com quem temos que interagir, especialmente os nossos supostos adversários, são almas que nos são familiares há muito tempo, com quem combinamos de nos encontrar num determinado momento de vida e morte, será mais fácil honrarmos uns aos outros e encontrarmos mais prazer nesta exploração mútua.
À medida que desenvolvemos a nossa capacidade consciente de observar a nossa interação com as pessoas que aparecem na tela da nossa vida, começamos a aprender a dirigir, cada qual, a nossa peça. Podemos movê-las e modificar-lhes os papéis de modo a termos acesso ao material anímico mais significativo para o nosso desenvolvimento. Choca e assusta um pouco descobrir que somos nós que fazemos as escolhas que traçam a realidade. Timidamente, de início, vamos tateando o caminho da liberdade e da responsabilidade. No momento em que assumimos a responsabilidade do fundo do coração, a vida começa a dar certo para nós. Mesmo que mudemos os participantes e o local, começamos a sentir uma paz interior e um fluxo mais fácil, que advém do fato de estarmos no caminho ordenado pelo EU SUPERIOR.
O ego sem medo emerge quando estendemos o nosso vocabulário de participação no mundo além da nossa família imediata. As pessoas que formam o nosso estreito grupo cármico de amigos anímicos (de alma) são os mais perigosos para o nosso ego e para manipulação que fazemos da verdade, porque penetram com facilidade em nosso campo energético para “apertar os botões que nos fazem reagir e mudar”. Mas quando o mundo se amplia, temos a oportunidade de descobrir a ilimitada extensão de familiaridade a partir da perspectiva anímica. NÃO EXISTEM ESTRANHOS.
Cada pessoa com quem interagimos, mesmo à distância, foi colocada nestes espaço sincrônico para nos ensinar a refletir sobre a natureza do ego. É de grande utilidade para a nossa lucidez adquirirmos o hábito de observar o mundo e perguntar: “Como é que isso se reflete em mim?”
Rompemos o invólucro da compaixão quando encaramos o mendigo, o mentiroso, o ignorante e o assassino como parte de nossa própria psique. Ao assumirmos o poder de olhar o mundo e enxergá-lo como um espelho de nós mesmos, começamos a encontrar a força de atravessar o medo e atingir o outro lado, o do CONHECIMENTO.
Este lampejo de reconhecimento nos oferece o poder da participação. Apreendemos novas dimensões de relatividade que podem ser utilizadas para a solução de problemas a nível global, porque expandimos a dimensão do indvíduo para a realidade do grupo. A Terra, em toda a sua sabedoria, está nos indicando que precisamos reconhecer o nosso vínculo mútuo, o vínculo irrevogável entre nós e todas as outras espécies e formas de vida, e começar a nos aproximar uns dos outros com uma consciência holográfica para eliminarmos complexidades e relacionamentos cármicos, não só de indivíduos mas de grupos inteiros.
É crucial nos separarmos de qualquer grupo de que participemos para nos certificarmos de que estamos usando-o como uma expressão da nossa alma grupal divina e não permitindo que o corpo emocional o utilize para expressar uma negatividade que não permitiríamos expressar em circunstâncias individuais.
Explorar os nossos motivos para ingressar num grupo, além das recompensas emocionais e outras, nos ajudará a aumentar o conhecimento do eu interior. Pode ser que nos sintamos mais poderosos ao termos o respaldo de um grupo. O apoio do grupo nos faz sentir menos vulneráveis a críticas e mais convincentes ao expor o nosso ponto-de-vista. Se um dos temas que estivermos trabalhando for falta de auto-confiança, o grupo aumentará a nossa sensação de que merecemos confiança porque confiamos no grupo, que por sua vez confia em nós. Os grupos que defendem ideais ou filosofias fortes intensificam o nosso sentimento de valor pessoal ao aceitar a nossa participação.
O corpo emocional tenta incessantemente provar a sua existência através de mecanismos de reação já implantados e por isso utiliza a identificação com um grupo para estimular-se a si próprio. Eventos esportivos, manifestações e mesmo confrontos são muito populares hoje em dia porque o indivíduo pode gritar, extravasar raiva ou medo, e sentir algo maior do que o ego, e por isso mais legítimo. “Por para fora” emoções pode ter um breve efeito de válvula de escape mas aprofunda os padrões do corpo emocional através da recepção de vibrações de natureza geralmente inferior, tais como sentimentos primitivos de triunfo sobre um oponente ou medo e ressentimento com a própria derrota e desamparo.
Ansiamos pela identificação com os mocinhos e pela adesão à luta contra os bandidos. Por mais desejáveis e úteis que possam ser consideradas as funções de catarse e liberação de eventos esportivos e outras manifestações, tendemos utilizá-las como uma fachada aceitável para as nossas tendências agressivas não resolvidas. A projeção do bem e do mal como forças externas a nós é uma ilusão que ludibria e embriaga o nosso ego e nos nega o crescimento verdadeiro.”
Martius de Oliveira
http://minhamestria.blogspot.com/
0 comments
Postar um comentário
Por favor leia antes de comentar:
1. Os comentários deste blog são todos moderados;
2. Escreva apenas o que for referente ao tema;
3. Ofensas pessoais ou spam não serão aceitos;
4. Não faço parcerias por meio de comentários; e nem por e-mails...
5. Obrigado por sua visita e volte sempre.