2 de março de 2011
Como o medo decorre do envolvimento com as forças da matérias e suas ilusões, o indivíduo unido à própria essência nada teme. A limitação da consciência ao âmbito pessoal abriga a idéia de posse, até mesmo dos corpos. Se ela silencia a voz dos apegos, da curiosidade e da posse, nada tem a temer.
Sri Aurobindo (1872-1950) diz que “o medo e a ansiedade são formas pervertidas da vontade” e que, de modo aproximado, poderiam ser considerados “uma invenção das forças hostis”.
O medo do futuro deve-se à capacidade de antecipação da mente, capacidade que mais tarde se transforma em percepção intuitiva. Até essa transformação suceder, a mente projeta sobre o presente ansiedades, imaginações e lembranças. Emanações do psiquismo coletivo também podem ser incorporadas pelo indivíduo e passar a fazer parte de sua aura sensitiva, tomadas como suas; assim, ele tem apreensões e sentimentos não originados em si mesmo.
O medo da dor física, por sua vez, advém de registros de experiências do passado, desta ou de outra encarnação, gravados no subconsciente; pode emergir de modo claro ou agir subliminarmente. Diz-se que muitas doenças se agravam por esse medo; não obstante, vai sendo dissolvido à medida que o indivíduo se desidentifica dos seus corpos e se eleva.
O medo do fracasso resulta da necessidade de auto-afirmação da personalidade. Desaparece quando ela é permeada pela alma, pois o indivíduo então compreende, por experiência direta, que tudo de positivo e correto feito por ele é na verdade realidade por energias internas, superiores, por seu intermédio; já os feitos inadequados são os realizados humanamente. Esse reconhecimento traz paz ao eu consciente e aprofunda sua entrega ao eu profundo; é requisito para a transcendia do ego.
“O medo é um estado profundamente instalado na consciência do corpo físico do homem. Essa consciência teme a desintegração devido as experiência do individuo ao longo das suas encarnações, experiências que foram sendo registradas como um padrão vibratório de grande densidade e, ao mesmo tempo, de grande poder de inércia. Vivencia marcantes devido à ação poderosa de cataclismos naturais, mortes violentadas provocadas pelo fogo, pela água e por representantes do reino animal, bem como a fome, pestes, doenças mutilantes, tensões sobre-humanas, entre tantas outras contradições, introduziram suas vibrações até no nível atômico do corpo físico, influenciaram parte de sua estrutura genética e perpetuaram-se.
Com a crescente compactação da matéria terrestre, esse estado foi-se solidificando. A sabedoria do mundo interno vai, na medida do possível, liberando tais condensados, enquanto aguarda conjunturas mais adequadas para sua transmutação. Isso ocorre quase sempre na esfera inconsciente, com a qual o indivíduo não lida nem deve lidar de modo direto. Como a matéria terrestre encaminha-se a patamares mais sutis, e como a estrutura dos corpos do homem também se afrouxa, tais núcleos podem emergir, em parte, na consciência externa do ser. Quando o indivíduo começa a contatar, de forma mais direta, esse material, passa a vivenciar momentos de grande angústia e desespero, que abalam profundamente sua estrutura psíquica.
Esse estado pode ser ainda agravado se ele, por afinidade vibratória, entra em sintonia com materiais semelhantes, presentes na esfera psíquica do planeta. Esse quadro, denominado de Síndrome do pânico pela medicina oficial, constitui uma condição patológica cada vez mais frequente nos seres humanos. A atuação de fogos superiores é o que pode dissolver tais condensados. A sintonia do indivíduo com níveis elevados de consciência começa a ativar e a expandir nele o fogo da compaixão, de potente ação curativa. Ao esquecer-se de si e ir ao encontro das necessidades à sua volta, vai possibilitando que esse estado seja dissolvido aos poucos e substituído pelas vibrações sutis de mundos elevados”.
Referência para leitura: A MORTE SEM MEDO E SEM CULPA e o RESSURGIMENTO DE FÁTIMA(Liz), de Trigueirinho, Editora Pensamento.
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