quarta-feira, 16 de
maio de 2012
SOBRE A OBJETIVIDADE E A SUBJETIVIDADE NOS
RELACIONAMENTOS
Mencionamos em
algumas ocasiões a questão da objetividade e da subjetividade.
Agora , vamos
analisar esse tema mais pormenorizadamente , pois a objetividade é essencial
para o ser humano livre e harmonioso e para o relacionamento harmonioso.
Quanto mais impuros
e desarmônicos vocês forem , menos objetivos serão.
Objetividade
significa verdade.
Subjetividade
significa verdade matizada , meia-verdade no melhor dos casos , inverdade total
em muitos casos.
Diferentemente da
mentira consciente , a subjetividade resulta em inverdade inconsciente ou
não-intencional.
Tudo isso emana do
nível emocional de uma pessoa.
No começo do
trabalho de purificação , vocês descobrirão a inverdade que existe nas
profundezas da alma.
Depois de desalojar a
inverdade , vocês serão capazes de plantar a verdade.
Só um rigoroso exame
de si mesmo tornará possíveis essas descobertas e a mudança resultante.
Este artigo
apresenta mais um ângulo para encarar os relacionamentos em geral e vocês em
particular , ajudando a dar mais um passo à frente.
Vamos primeiramente
considerar um fenômeno comum :
o que vocês consideram um grave defeito nos outros , muitas vezes deixam de ver
em si mesmos.
Não faz diferença se
o defeito é exatamente igual ou ligeiramente diferente.
A objeção aos
defeitos observados nos outros – em especial no parceiro – pode até ser
correta. No entanto , julgar o outro , quando vocês também se afastam do que é
certo e bom , representa uma meia-verdade.
Além do mais , o
defeito do outro pode coexistir com boas qualidades que vocês mesmos não
possuem.
Assim, o julgamento
é matizado , pois a objeção se concentra no ponto fraco , deixando de fora
muitas facetas que completariam o quadro.
A CONCENTRAÇÃO NOS DEFEITOS DOS
OUTROS
Assim , sempre que
julgarem alguém , sempre que se ressentirem de seus defeitos , façam esta pergunta :
“Será que eu , talvez de algum modo , não
tenho um defeito semelhante ?
E a pessoa que estou julgando com tanta
severidade não tem algumas boas qualidades que eu não tenho?”
Em seguida , pensem
nas boas qualidades que os outros têm e vocês não.
Não se esqueçam
também de perguntar se vocês não têm defeitos que a pessoa a quem julgam não
tem.
Essa consideração
ajudará a avaliar com mais objetividade a raiva causada pelos defeitos dos
outros , principalmente do parceiro.
E, se por acaso o
resultado dessa avaliação mostrar que os seus defeitos são na verdade muito
menores e as boas qualidades muito superiores às do outro , mais razão ainda
haverá para cultivar a tolerância e a compreensão.
Agindo assim , vocês
estariam de fato num estágio superior de desenvolvimento , que significa ,
sobretudo , a obrigação de ser compreensivo e capaz de perdoar.
Se vocês carecerem
dessa capacidade , todas as qualidades superiores não significarão nada !
Mas , se fizerem uma
séria tentativa nesse sentido , o seu Eu Superior ajudará a aumentar a
objetividade.
Assim , vocês sem
dúvida terão mais paz , e o que tanto os incomoda deixará de incomodar.
Sempre que vocês se
sentem aborrecidos por causa dos defeitos de alguém , existe algo em vocês que
também não está correto.
Vocês sabem, mas
esquecem sempre que surgem oportunidades de auto-avaliação.
Não se preocupem com
o fato de que o outro possa estar tão evidentemente errado , muito mais do que
vocês.
Tentem encontrar o
pequeno grão de imperfeição em vocês , em vez de se encontrarem na montanha de
defeitos do outro.
Pois é o grão
doentio de inverdade que rouba a paz , e não montanha de erros do outro !
DUAS MEDIDAS DEFENSIVAS : RIGOR E
IDEALIZAÇÃO
Há outra forma de
extrema subjetividade que nasce da mesma raiz ,
embora se manifeste
de maneira muito diferente.
Muitos seres humanos
são muito rigorosos com aqueles que os fazem se sentir não amados e criticados
ou , pelo menos ,
inseguros.
Esse rigor é uma
forma de defesa.
Se vocês estiverem
certos do seu valor , não se sentirão inseguros e , portanto desenvolverão uma
tolerância natural.
Mas a maioria ainda
se sente tão insegura que recorre a medidas defensivas falhas.
Esse comportamento
se enquadra na mesma categoria da idealização cega da pessoa cujo amor lhes dá
segurança.
Em casos assim ,
vocês não vêem aquelas mesmas inclinações às quais fazem objeções tão enfáticas
em outros indivíduos.
Isso também é
perigoso , principalmente porque essa tendência se presta extremamente bem a
fazer com que vocês se iludam e acreditem que a idealização é amor e
tolerância.
Vocês tentam se
convencer de que são tolerantes e bons quando fecham os olhos aos defeitos do
ser amado , porque este os ama. Não , isso não é amar de verdade.
O verdadeiro amor vê a
realidade.
Se vocês estiverem
prontos para amar da forma mais madura e vigorosa , não tentarão fechar os
olhos aos defeitos do ser amado ;
farão exatamente o
contrário.
Quem
sistematicamente faz vista grossa tem dois motivos.
Um é o orgulho : a
pessoa escolhida para amar , e que escolheu vocês como objeto de amor , não
pode ter defeitos que vocês não considerem aceitáveis.
Sim , vocês podem
admitir alguns defeitos no outro , como admitem em si mesmos , sabendo que não
existe ser humano sem fraquezas.
Mas vocês continuam
ignorando muitas tendências , acreditando ,
de forma
semiconsciente , que essa atitude é uma prova de amor e de tolerância ; na
realidade , ela é motivada pelo orgulho.
A segunda razão é
que , bem no fundo do coração , vocês se sentem tão inseguros sobre a própria
capacidade de amar que precisam de uma versão idealizada do ser amado.
O amor não é
verdadeiro se vocês se sentirem levados a ver o outro em forma idealizada.
Não , é uma fraqueza
e , muitas vezes , uma prisão.
O verdadeiro amor , é
liberdade.
Ele passa pelo teste
da verdade ao resistir a esse ponto do desenvolvimento.
Quando vocês
atingirem esse estágio , serão capazes de ver a pessoa amada como realmente é ,
e não como gostariam que fosse.
Enquanto vocês
fecharem os olhos ao verdadeiro aspecto do outro ,
não serão capazes de
amar.
De fato , vocês
estão cientes dessa incapacidade , embora num nível subconsciente , mais ou
menos superficial , que estão sempre fechando os olhos , receando não poder
continuar amando diante da visão da verdade.
O orgulho , ou a
atual incapacidade de amar de fato , fazem com que vocês passem de um extremo
ao outro.
Ou se recusam a ver
a pessoa próxima e querida como realmente é , ou julgam-na com muita severidade
, mesmo que a crítica possa ser justificada.
O fato isolado de
vocês levantarem objeções pode ser válido , mas não a avaliação da pessoa como
um todo, cujas muitas facetas não há forma de conhecer.
COMO EVITAR A CRISE DO DESPERTAR
Quando vocês
insistem na cegueira aos defeitos do ser amado , muitas vezes é inevitável que
ocorra uma crise , um abalo e um doloroso despertar que magoa profundamente.
Na verdade , o que
decepciona e magoa não é o outro, mas a cegueira que se torna deliberada.
Nessa crise , o que
vocês mais ressentem , no fundo , é a cegueira.
Evitem essa crise .
Se aprenderem a ver
e a amar os outros como realmente são , isso é possível.
Nós gostaríamos de
dar-lhes a seguinte informação : pensem na pessoa que vocês mais amam no mundo
, e em seguida façam uma lista de boas qualidades e de seus defeitos ,
exatamente como estão fazendo consigo mesmos.
Perguntem , então ,
a alguns amigos comuns :
“Diga-me ,o que você acha ?
Estou certo ?
Eu gostaria de saber
a sua opinião sobre as qualidades e os defeitos dessa pessoa , saber se você
tem a mesma visão , para que eu possa verificar se estou ou não sendo objetivo.
Faço isso com a
finalidade de me desenvolver.”
Depois , compare a
forma como vocês e outros , que talvez sejam distanciados e objetivos , encaram
a mesma pessoa.
Prestem atenção na
maneira como vocês reagem ao ouvirem ver nas pessoas idealizadas.
Se vocês ficarem
zangados e magoados , isto deve ser sinal de que não foram objetivos , de que
têm medo da verdade , muito
provavelmente devido aos dois motivos já citados : orgulho e incapacidade de amar as
pessoas como realmente são.
Caso contrário ,
vocês manteriam a calma , mesmo que o ser amado fosse acusado de um defeito que
não possui.
Considerar os
defeitos do ser amado pode ser muito saudável para alguns.
Vocês verificarão
como avaliar as pessoas que amam , e o amor amadurecerá e crescerá em estatura.
Assim, vocês sairão
do estágio de imaturidade , no qual amam como uma criança assustada que não
consegue enxergar a verdade.
DESCOBRIR EM SI
MESMO A MENTALIDADE DA CRIANÇA
Já falamos sobre a
mentalidade infantil que continua a existir nos equívocos inconscientes.
A criança só conhece
dois extremos : o que é bom ou o que é mau ,
a perfeição ou a
imperfeição , a onipotência , que promete segurança , ou a fraqueza total , que
é preciso evitar.
A criança só
consegue aceitar a primeira dessas alternativas. Quando ela descobre que os
pais adorados têm defeitos e não são onipotentes , ela se afasta deles ou
começa a sentir ódio e a ficar tristes , fica decepcionada e desapontada , ou
reprime a percepção no inconsciente , com a culpa de ter descoberto algo
desprezível nos pais.
Essas reações
continuam vivas na alma do adulto e matizam suas reações e seus padrões de
comportamento ao longo da vida , ou enquanto estas não forem revistas e
reavaliadas à luz do julgamento maduro e da realidade.
Quando vocês
examinam seus relacionamentos atuais desse ponto de vista , o processo a
princípio é doloroso , mas não tão mau quanto à resistência inconsciente
gostaria que vocês acreditassem.
Não dêem ouvidos a
esse movimento de resistência.
Prossigam na busca
da verdade.
Podemos garantir que
vocês se tornarão pessoas muito mais felizes , livres e seguras.
UM PONTO DE VISTA ABRANGENTE
Pedimos que vocês
não digam , sem pensar , que vêem , sim , os defeitos do ser amado , em
especial os do parceiro.
É possível que vejam
alguns dos defeitos , talvez apenas os que vocês conseguem tolerar , talvez
vocês não queiram ver os outros.
Assim , vocês não
têm idéia da personalidade total do outro.
O que vêem é um
retrato tão distorcido como quando eram radicais e demasiado intolerantes.
Nos dois casos , o
retrato está fora de foco ; ambos são espelhos que não refletem a realidade.
Cada um dos espelhos
distorce de forma diferente.
Vocês estão
apavorados com a verdade porque a emoção da criança – para a qual ver uma
verdade desagradável na pessoa amada é intolerável – ainda está viva no seu
íntimo , e esse reconhecimento obriga vocês a deixarem de amar.
Mas esta não é
absolutamente a verdade.
Se vocês
empreenderem essa busca sabendo que o amor , em vez de enfraquecer , vai se
desenvolver e amadurecer , poderão superar a resistência à descoberta da
realidade.
Vocês precisam saber
qual dos dois extremos de subjetividade é mais importante atacar o primeiro.
Ambas as
alternativas continuam se aplicando a todos vocês , mas uma delas sempre fica
em primeiro plano.
Comecem concentrando-se
nela.
A objetividade
também requer coragem.
Muitos de vocês
ainda são fracos demais para enxergar a verdade nos outros e em si mesmos.
Amor maduro
significa amar os outros apesar de seus defeitos ,
conhecendo-os ,
vendo-os , não fechando os olhos , e baseando-se no bem que já está lá.
O amor imaturo
significa encarar o outro em termos de ou isto/ou aquilo , embora possivelmente
essa atitude já esteja um tanto atenuada devido ao amadurecimento intelectual.
Vocês podem admitir
determinados defeitos que não violam seus padrões e conceitos pessoais.
Julgar severamente
as pessoas , como se todos os seres humanos estivessem no mesmo nível de
desenvolvimento , é igualmente imaturo.
A outra pessoa pode
nem mesmo ser menos desenvolvida do que vocês ; pode apenas ter-se desenvolvido
em outro aspecto.
Portanto , vocês não
podem comparar nem julgar.
Basta ver. Se não
conseguirem ver sem raiva , precisam perceber que essa reação tem a mesma
origem do outro extremo , ou seja , vocês não conseguem aceitar a imperfeição e
, portanto , continuam emocionalmente infantis.
Procurem perceber a
incapacidade de amar que ainda existe.
Rezem para renunciar
às ilusões , à vaidade , ao orgulho.
Sobre esta verdade
poderá assentar-se o verdadeiro amor.
SHAUMBRA e NAMASTÊ
!!!
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