01 JULHO 2012
BRASIL - “Pátria do Evangelho”
- Divaldo Franco
Divaldo, Deus te abençoe.
É tão difícil entender que no Brasil, sendo a “Pátria do Evangelho”,
ainda existam tantas pessoas que não amam o
próximo.
Por quê?
Porque
não são Espíritos do Brasil.
Vêm de outras pátrias, de outras raças.
Não
são almas Brasileiras.
Vêm para cá, porque, se ficassem nos seus
países de origem, os sentimentos de rancor e ressentimentos torna-los-iam mais
desventurados.
Após a Revolução Francesa de 1789, quando a
França se libertou da Casa dos Bourbons, os grandes filósofos da libertação
sonharam com os direitos do homem, direitos que foram inscritos nos códigos de
justiça em 1791 e que, até hoje, ainda não são respeitados,
embora
em 1947, no mês de dezembro, a ONU voltasse a reconhecê-los.
Depois daquele movimento libertário, o que aconteceu com os Franceses?
Os dois partidos engalfinharam-se nas paixões
sórdidas e políticas e como conseqüência, os grandes filósofos cederam lugar aos
grandes fanáticos, e a França experimentou os dias de terror,
quando a guilhotina, arma criada por José
Guilhotin, chegava a matar mais de mil pessoas por dia.
Esses Espíritos saíam desesperados do corpo e
ficavam na Psicosfera da França buscando vingança.
Começa o século XIX e é programada a chegada de
Allan Kardec. O grande missionário vai reencarnar na França, porque a mensagem
de que é portador deverá enfrentar o cepticismo das Academias na Cidade-Luz da
Europa e do mundo e, naquele momento, Cristo havia designado que o Espiritismo
nasceria na França, mas seria transplantado para um país onde não houvesse
carmas coletivos, e esse país, por enquanto, seria o Brasil.
São Luis, o guia
espiritual da França ,
cedeu que a terra gaulesa recebesse Allan Kardec, mas “negociou” com Ismael, o guia espiritual do Brasil:
“Já
que a mensagem de libertação vai ser levada para a Terra do Cruzeiro, a França
pede que muitos Espíritos atribulados da Revolução reencarnem no Brasil, pois,
se reencarnarem aqui impedirão o processo de paz e de todos.
Naturalmente, esses Espíritos eram atribulados,
perturbados, com ressentimentos, com mágoas.
Se nós considerarmos que os Espíritos
brasileiros são os índios,
que a maioria de nós é constituída por
Espíritos comprometidos na Eurásia, e que estamos aqui de passagem, longe dos
fenômenos cármicos para nos depurarmos, compreenderemos porque muitos
brasileiros do momento ainda não amam esta grande nação.
E o primeiro sentimento que têm quando, ao
invés de investir em fortunas, honesta ou desonestamente amealhadas no solo
brasileiro, eles as mandam para os países estrangeiros.
Não confiam no Brasil, porque são “de lá”.
Mandam para lá porque, morrendo aqui, o dinheiro
fica lá para poderem “pagar” o carma negativo que lá deixaram.
Os chamados “paraísos fiscais” são também
lugares de alguns de nós que aqui nos encontramos, mas apesar de ainda não
termos o sentimento do amor, já temos alguma luz.
Viajando
pelo mundo, onde tenho encontrado Brasileiros espíritas,
descubro
uma célula espírita.
Começa-se
com um estudo do Evangelho no lar, depois chama-se os amigos, os vizinhos,
forma-se um grupo e, hoje, na Europa. 90% dos grupos espíritas são criados por
brasileiros.
Com
exceção de Portugal, Espanha e um pouquinho da França, o movimento é todo de
brasileiros e latinos acendendo as labaredas do Evangelho de Jesus.
Não
há pouco tempo, brasileiros na Holanda encontraram as obras de Kardec
traduzidas para o holandês, brasileiros na Suíça revisaram O
Evangelho segundo o Espiritismo e se está
tentando publicar as obras de Kardec, agora em alemão.
Brasileiros
na América do Norte retraduziram O Livro dos Espíritos e O
Evangelho,
que o foi por um protestante, que substituiu a palavra reencarnação por
ressurreição.
Brasileiros
em Londres, com alguns ingleses, já formam oito grupos espíritas e seria
fastidioso se fosse enumerando na Ásia, na África...
Certa
feita, recebi um telefonema de uma cidade asiática.
Tratava-se de uma consulesa do Brasil que me
dizia o seguinte:
Eu estou no outro lado do mundo, sou Espírita,
tenho três filhos rapazes um de 10, um de 14 e outro de 18 anos.
Tenho-lhes ensinado o Espiritismo, mas o meu
filho mais velho está na Universidade e me faz perguntas muito embaraçosas;
aqui eu não tenho acesso a maiores instruções.
Queria convidá-lo a vir aqui dar umas aulas de
Espiritismo ao meu filho.
Você viria?”
Eu respondi-lhe:
Sim,
senhora, com a condição de conseguir-se espaço para eu
falar em auditório publico sobre o Espiritismo:
O
marido era o representante dos negócios do Brasil no país.
Se
a senhora aceitar a condição, ficaria alguns dias para debater com os seus
meninos.
Como
não falo Inglês, seu filho será o meu intérprete.
E
assim, fiz a longa viagem de 36 horas com escalas e lá, naturalmente, ela me disse:
“Mas, Divaldo, onde vamos ter esse encontro?”
Eu lhe respondi:
Tive uma entrevista com o Baghavan Swami Sai
Baba, e sei que essa é uma cidade em que há um grande movimento Babista e, se a
senhora conseguir um grupo Sai Baba eu me prontifico a fazer uma conferência
ali”.
Encontramos
o representante de Sai Baba para a Ásia e ele ficou muito feliz porque Swami
havia-me recebido.
Ele
reuniu mil pessoas para que eu falasse sobre o Espiritismo.
Fiquei
até com pena dele!
E pensei:
“Vou arrastar toda a
turma de Sai Baba para o Sr. Allan Kardec” (risos...)
Então, fiz a palestra, falei sobre Allan
Kardec, sobre as comunicações, ele ficou tão sensibilizado, que me perguntou se
eu teria coragem de ir a Cingapura para fazer a mesma coisa.
Eu lhe respondi:
O
senhor mandando-me até Cingapura eu irei para falar sobre o Espiritismo.
Fui
a Cingapura e fiz uma viagem pela Ásia e, onde havia Brasileiros, lá estavam
eles...
A missão do Brasil, “Pátria do
Evangelho e Coração do Mundo” não é a de sermos todos
ricos, maravilhosamente ricos; é a de sermos maravilhosamente espiritualizados,
sem nenhum demérito para os outros países, que são todos amados por Deus e por
Jesus em igualdade de condição.
Aqui entra o nacionalismo, para ver se a gente
ama um pouquinho mais este país que está a passar uma fase de grande
desprestígio.
Deus só tem ajudado no Tênis!
Que Ele tenha compaixão de nós e nos ajude
também no Futebol e noutra coisa qualquer!
(risos...)
Nós
somos as cartas vivas do Evangelho.
Jesus
escreveu em nossa alma a Sua mensagem.
Onde
quer que vamos, que brilhe a nossa luz; mas, para que ela brilhe, é necessário
que a acendamos, e o combustível dessa luz é a fraternidade.
Assim,
todos saberão que estamos ligados a Ele, graças à presença dos bons Espíritos,
que aqui estão conosco, e sempre se encontram a qualquer hora.
Como
disse Kardec, com muita propriedade, todos têm seu Guia espiritual que os
inspira; dessa forma, todos são médiuns, estão sintonizados com esses.
Concluirei com uma pequena narrativa, sobre um
homem que era muito ignorante, muito modesto, muito pobre.
Todo dia ele entrava na igreja, próximo ao
horário de fechar as portas; ajoelhava-se diante do altar-mor, ficava dois
minutos e saía.
O sacerdote, que cuidava da igreja, ficou muito
intrigado, e achou que ele estava observando algo para furtar ou para roubar, passando
a ficar mais vigilante.
Mas, ele chegava, ajoelhava-se, dobrava-se,
balbuciava algo e ia-se embora.
Um dia, o sacerdote não suportou mais e
perguntou:
“O que é que você vem fazer aqui, um miserável como é?
Por que não vem à missa?
Só vem na hora em que a igreja vai ser fechada?”
Ele respondeu: “É porque eu sou muito pobre.”
O sacerdote continuou:
“E por que vai ao altar-mor.
Como se atreve?”
Ele respondeu:
-
“Pois é, quando a igreja vai fechar, eu entro
correndo e digo:
Jesus,
eu estou aqui.
Se
precisar, é só chamar!
E
vou embora”.
O
sacerdote achou aquilo intrigante.
Anos depois, aquele mendigo adoeceu e foi
levado para uma casa de emergência, de caridade.
Quando, um dia, a enfermeira foi colocar o seu
alimento sobre uma cadeira, ao lado da cama, ele
pediu:
- “Oh, por favor, não bote aí!”
A jovem perguntou:
- “Por que não?”
E o homem respondeu:
- “Porque essa cadeira de vez em quando, fica
ocupada.”
Ele deveria estar delirando, a enfermeira
pensou, e respeitou-o.
Começou a notas que todo dia, um pouco antes
das 18 horas, o rosto dele se iluminava!
Ele sorria e dizia:
“Muito
obrigado!
Muito
obrigado!”
Ela achava que era delírio mas, como ele era
perfeitamente saudável da mente, num desses dias, quando terminou de agradecer, ela indagou:
“Não repare, mas o que você está agradecendo?”
Ele esclareceu:
“É a uma visita que chega todo dia cinco para as
seis.”
Ela continuou:
“Que visita é essa?”
É Jesus.
Ele sempre vem e diz-me:
-
“Olhe, estou aqui.
Se
precisar de mim é só chamar!...”
Se precisarmos de Jesus, é só chamarmos!
(XIF-2001)
Texto
Extraído do livro: APRENDENDO COM
DIVALDO.
Entrevistas / Divaldo Pereira Franco: São Gonçalo, RJ:
Organizado pela SEJA, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas, 2002, p.
69-74.
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