SERÁ QUE BUSCAMOS A VERDADE VERDADEIRA??
Por Pai Joaquim de Aruanda....
Que verdade o ser humano busca, a Verdadeira?
Acho que não...
Vamos ver este aspecto da busca da verdade.
Por que algumas pessoas têm a verdade que
afirma que beber bebidas alcoólicas é certo enquanto que
para outras a verdade é que tomar tais bebidas é errado?
Porque ele gosta de beber... que ele que acha
certo beber tem esta verdade porque gosta, acha bom ingerir bebidas alcoólicas;
aquele que acha errado,
com certeza não gosta de beber...
Esta é outra característica da busca da verdade
por parte dos seres humanos: eles só aceitam como verdadeira a informação que
satisfaça os desejos individuais de cada um.
Eles dizem que estão procurando a verdade, mas
isso é uma mentira, pois só dão o valor de verdadeiro àquilo que os satisfazem.
Sendo assim, os seres humanos não estão
procurando a verdade, mas instrumentos que justifiquem aquilo que querem fazer.
Quando
a busca da verdade se concentra em ensinamentos é a mesma coisa.
Quando
uma pessoa recebe novas informações diz que vai analisá-las para poder ver se
acredita (dá o valor de verdade) nela ou
não.
Esta
análise, na realidade, é voltada, não para o entendimento da informação em si,
mas sempre para ver se ela se coaduna com outras que já possui.
Se
a nova informação está fundamentada em conceitos que a pessoa já possuía rotula
como verdade; se não, diz que aquilo não é verdadeiro.
Exemplificando.
Uma
pessoa que acredita na vida ativa pós-vida (o mundo
espiritual descrito pelo espiritismo) se recebe uma informação que contenha os elementos
da ressurreição ensinada pelo cristianismo – todos os
mortos voltarão à vida com o retorno de Cristo a Terra – vão dizer
que ela não é verdadeira.
Mas,
quem pode garantir realmente se uma ou
outra concepção está certa?
Por
causa disso pergunto: que busca da verdade é essa que os seres humanos dizem
fazer se só aceitam como verdadeira uma informação que contemple os conceitos
que ele já possui?
Repare como a busca da verdade que a razão
estimula é apenas uma embromação. Ela não está buscando a Verdade mesmo, mas
sim elementos que justifiquem a sua vontade, aquilo que quer que seja feito.
Isto
que estamos conversando serve também para compreendermos mais dois aspectos da
busca da verdade.
O
primeiro é que muita coisa que se lê em livros são esquecidos pela mente.
Por que isso acontece?
Porque
aquilo não satisfaz aos desejos do ser humano.
A
mente é seletiva, ou seja, ela só se lembra daquilo que é importante para ela
mesma, ou seja, o que pode servir para justificar a busca do prazer, da
satisfação dos desejos de cada um.
O segundo aspecto diz respeito à interpretação.
Tudo que se lê é interpretado, ou seja, é
compreendido de determinada forma.
Muitas das vezes, as interpretações que
formamos com a leitura de alguma coisa nada têm a ver com aquilo que estava na
ideia original do autor.
Além disso, se duas pessoas lêem o mesmo texto
acabam encontrando verdades diferentes.
Por que tais coisas acontecem?
Porque
a verdade que cada um absorve tem que satisfazer os desejos individuais de cada
um.
Como
nem todos possuem os mesmos desejos, as interpretações criadas pela mente para
o mesmo texto são diferentes...
Podemos então afirmar, que as verdades dos
seres humanos são maleáveis de acordo com os seus desejos.
Este é mais um motivo pelo qual afirmo que não
existe a Verdade neste planeta.
Como disse, uma informação para ser considerada
Verdade Verdadeira precisa ser universal, ou seja, ser única para todos.
Mas, se as informações que o ser humano possui
precisam atender os seus anseios e se nem todos têm os mesmos, como
qualquer informação pode ser universal?
Realmente
a busca da verdade é completamente inútil.
Primeiro,
porque ela não existe e por isso ninguém pode transmiti-la;
segundo,
porque o ser humano só aceita como
verdade aquilo que satisfaz as suas próprias conveniências.
Por que estou falando estas coisas?
Para desmistificar a busca de conhecimentos que
hoje move a humanidade.
É preciso que os seres humanos caiam na
realidade, ou seja, se conscientizem que não estão buscando verdade alguma, mas
apenas arregimentando informações que lhes sirvam de instrumentos para o seu
próprio prazer.
Por mais que acreditem que estão buscando
ensinamentos verdadeiros,
sábios, profundos, sublimes ou santos, os seres
humanos, espiritualistas ou não, na realidade não estão fazendo isso, pois só
aceitam como verdade aquilo que lhes interessa.
Não estou acusando ninguém de nada ou sendo
contra qualquer coisa: o
que estou fazendo é mostrando a verdade sobre a busca da verdade.
A
busca da verdade, verdadeiramente falando, não possui nada de sábio ou santo,
porque ela se resume em buscar informações que sirvam como instrumentos do
prazer de cada um. Se o prazer é o bem material, buscar informações é estar
apegado à matéria.
Buscar ouvir mentores, gurus ou médiuns – inclusive eu mesmo – acreditando
que eles podem trazer ensinamentos verdadeiros nada tem de santo ou sábio.
Isso porque de tudo o que eles falarem só
ficará arquivado na sua memória aquilo que possa servir como instrumento do
prazer.
O que não servir, será esquecido.
Esta
busca se torna ainda mais inútil se entendermos que mesmo aquilo que fica não é
verdade.
Mesmo
que o mentor, médium ou guru pudesse dizer uma verdade,
quando
você ouvir o que tem para dizer raciocinará sobre isso e assim gerará uma
interpretação cujo teor estará sujeito aos seus próprios desejos
Quando se acredita numa doutrina é preciso
seguir tudo: o que satisfaz e o que não satisfaz os anseios
de cada um.
Se não se aceitar tudo o que a doutrina prega,
não se está seguindo doutrina alguma.
Tem
muita gente que diz que gosta da umbanda, mas quando os exus chegam estas
pessoas vão embora.
Fazem
isso porque dizem que não gostam de gira de exus.
Estas
pessoas, então, não são umbandistas, porque a umbanda é formada pela falange
dos exus também.
A
gira de exus faz parte da seita umbandista.
As pessoas que gostam apenas de gira de
determinada falange
(pretos velhos, caboclos, crianças, etc.) não são umbandistas, mas sim seguidores daquela falange.
Mas, porque seguem esta ou aquela falange?
Porque gostam dela...
Então, não são seguidores da umbanda ou de uma
falange, mas seguidores de si mesmo...
Mas, para que serve tudo isso que estou falando?
Se
tudo isso é real, como se comportar diante das informações que nos
chegam?
Aceitando tudo que
lhe chega como apenas como uma informação, sem categorizá-la como verdades ou mentiras...
O
ser humano que realmente alcança a real sabedoria é aquele que nada sabe,
apesar de conviver com diversas informações em sua mente.
Para
chegar a isso é preciso não desacreditar em nada que recebe como informação, mas também não acreditar em nada como verdade.
O verdadeiro sábio é aquele que não busca a
Verdade porque sabe que ela não existe.
Por isso trata qualquer informação que receba
como verdade relativa:
algo que alguém acredita que é verdadeiro.
Se alguém credita àquela informação o valor de
verdade, ela é uma verdade.
Pode não ser a dele, mas é uma verdade de
alguém.
A
compreensão do sábio sobre as diversas informações disponíveis do planeta é a seguinte: elas não são mentiras, mas uma verdade de alguém.
A partir desta visão sobre a verdade que estou
comentando aqui você deve estar perguntando:
‘Como fica
a máxima de Cristo que diz que se deve buscar a verdade porque ela vos
salvará’?
Vamos conversar sobre isso...
Quando
Cristo ensina que se deve buscar a verdade, ele fala da Verdadeira, da Absoluta.
É
esta que deve ser buscada para se alcançar a salvação.
Qual é a Verdade Absoluta?
Nada
que você pode conhecer...
Esta é a Verdade que encontrada pode lhe
salvar: a verdade de que
não há verdade neste mundo...
Ao
compreender isso você terá encontrado a Verdade deste mundo...
Mas, vocês ainda poderiam me perguntar:
‘Isso quer dizer que não podemos ter verdades’?
Não
tê-las é impossível.
O
máximo que se pode fazer é ter a consciência de que aquilo que se acredita que
é verdadeiro o é apenas para você mesmo, ou seja, trata-se de uma verdade
relativa.
Por
isso não deve querer impingi-la aos outros – fazer com que eles também
acreditem que é verdade.
Quando
você tiver esta consciência com relação às informações que possui e que diz
serem verdadeiras, terá se libertado delas e elas não mais terão o peso de
verdade.
Quando se
alcança este tipo de consciência, a pessoa trata os conceitos que tem como
informações e
não verdades...
Este
tipo de consciência vale para todas as coisas deste planeta,
inclusive
para aquelas que você imagina líquida e certa, santa ou sagrada. Isso porque só
é santo ou sagrado aquilo que você declarar que seja.
NOTA:
Na fala a seguir o amigo espiritual aborda o
seguinte trecho da resposta do Espírito da Verdade à Kardec na pergunta 14 de O
Livro dos Espíritos:
“Deus
existe; disso não podeis duvidar e é o essencial.
Crede-me, não vades além.
Não vos
percais num labirinto donde não lograríeis sair”
Buscar a verdade é entrar num labirinto donde
não consegue se sair.
É como
um cachorro que corre incessantemente atrás do seu próprio rabo.
Além do mais, enquanto estiver buscando-a, não
fará o que tem que ser feito.
O que tem que ser feito?
O Espírito da Verdade ensina na mesma pergunta:
“Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de
vos libertardes delas, o que será mais útil do que pretenderdes penetrar no que
é impenetrável”
Mas, apesar deste conselho que é antigo, vocês
continuam buscando certezas, verdades, sobre um mundo onde nunca conseguirão
penetrar enquanto humanizados.
Quando acham alguma informação que acreditam estar
certo, o que fazem?
Veja se não é o que o Espírito da Verdade diz:
“Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco
mais orgulhosos, pois que acreditaríeis
saber, quando na realidade
nada saberíeis”
Ficam orgulhosos de seus saberes, mas na
realidade nada sabem...
Para aqueles que acham que sabem alguma coisa
mais uma palavra do Espírito da Verdade que está na pergunta 9 de O Livro dos Espíritos:
“O homem orgulhoso nada admite acima de si.
Por isso é que ele se denomina a si mesmo de
espírito forte.
Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!”
Portanto, sigam aquilo que o Espírito da
Verdade ensina na pergunta 14 do mesmo livro:
“Deixai, conseguintemente, de lado todos esses sistemas;
tendes bastantes coisas que vos tocam mais de
perto, a começar por vós mesmos.”
Agora, se quiserem ler um milhão de livros e
ouvirem mais tantas palestras,
façam isso, mas saibam que estão apenas se
enganando.
Apenas encontrarão informações ou verdades
relativas de outros e só classificarão como verdade aquilo que satisfaz os seus
desejos.
Isso vale, inclusive, para aquilo que eu falo,
pois enquanto estão preocupados em me ouvir não estão realizando o trabalho de
aproximação de Deus.
Espiritualismo Ecumênico Universal
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