segunda-feira, 21 de abril de 2014
Por
Marival Correa e Adriana Moura
O objeto voador projeta
um filete de luz azulado e se aproxima da estrada.
O motor do carro morre.
A tentativa de dar
partida é em vão.
O homem tenta uma fuga a
pé, tão inútil quanto desesperada.
A nave lança uma espécie
de esteira, que passa sob os seus pés
Ele é tragado em direção
ao objeto e logo se vê em uma sala ovalada, o corpo preso por cintas sobre um
assento de encosto alto, as mãos presas por braceletes.
No corpo uma macacão
cheio de fios metálicos, na cabeça uma espécie de capacete com visor.
Lá fora vê casas com
telhados altos e bem inclinados, torres de igrejas.
De repente, do vale que
avista, vê brotar do chão um ovni em forma de ovo, que, acompanhado de uma
nuvem branca, se eleva nos ares até próximo de onde se encontra.
E que lugar é esse?
Essa é parte da descrição
de um dos mais impressionantes relatos de abdução registrados pela ufologia
brasileira.
O que exatamente o
catanduvense Onílson Pátero vivenciou há 40
anos, completados neste próximo dia 26, é um mistério ainda longe de ser
desvendado.
Seu Onílson morreu
em agosto de 2008, aos 75 anos, apenas
sete meses após o Diário fazer uma entrevista exclusiva com ele, em sua casa em
Catanduva, na qual ele falou sobre sua incrível aventura.
Agora, quatro décadas
depois, a filha Samara Pátero prepara uma
exposição, que deve rodar cidades da região de Rio Preto,
para este segundo
semestre.
O objetivo é resgatar os
fatos em torno daquele 26 de abril de 1974 vividos pelo pai, o qual ela considera ter sido um
privilegiado pelo que passou.
Seu Onílson deixou registrado dois casos de abdução, com intervalo de um ano entre um
e outro.
Mas é este, de quatro
décadas atrás, o mais intrigante e tido pelos ufólogos como um dos casos mais
contundentes que se têm notícia pela coerência nos muitos depoimentos que ele
deu à época, com poucas divergências entre os relatos.
Tão rumoroso que chegou a
ser monitorado pelo Dops (Departamento de Ordem
Política e Social), após o delegado que cuidou do caso enviar ofício ao
então chefe do Serviço de Informações Romeu Tuma para
saber se o catanduvense pertencia a algum departamento de “assuntos
espaciais”.
Prova de que o órgão
oficial de repressão durante o regime militar não estava de olho somente em
suspeitos aqui na terra. Tinha interesse também em qualquer movimentação estranha
nos céus do Brasil.
A captura
A saga do seu
Onílson começou naquele que teria tudo para ser mais
um na rotina de um vendedor.
Ele negociava livros
didáticos e viajava muito pelo Estado.
Almoçou mais cedo e
avisou a mulher, dona Lourdes, que tinha compromisso na cidade de Júlio de Mesquita, aproximadamente 160 quilômetros
de Catanduva.
Se despediu da mulher,
deu um beijo nas filhas Samara e Silvana e partiu.
Ninguém imaginava o
quanto custaria para que se reencontrassem.
Já à noite, terminado o
trabalho, ele saía de Marília de volta pra casa quando a 15 quilômetros de
Guarantã, da janela do Fusca,
avistou uma luminosidade
azulada correndo paralelamente ao longo dos fios de energia da Cesp. Era, de
acordo com ele, um objeto voador não identificado (ovni).
Capturado e levado ao
interior da nave, vivenciou experiências registradas tanto em sucessivas
entrevistas dadas a pesquisadores quanto em sessões de hipnose regressiva, com
acompanhamento de membros da Sociedade Brasileira de
Estudos de Discos Voadores (SBEDV) e
até da Aeronáutica.
Extraterrestre, marciano?
Por quase uma semana a
família Pátero ficou sem notícias do vendedor.
Seu desaparecimento já
tinha sido registrado à polícia
Encontraram o carro no
acostamento da estrada, perto da porteira da fazenda Água Santa, não muito
distante de Guarantã.
No interior do Fusca a
mala de seu Onílson, com documentos,
cheques e dinheiro.
Tudo intacto, o que só
fez aumentar o mistério e levou a família a pensar no pior.
Enquanto as buscas em
solo paulista se mostravam infrutíferas, a imprensa capixaba começava a
espalhar a notícia de um homem que havia caído de um disco voador.
Encontrado desorientado,
sujo e cheio de carrapichos por um fazendeiro local em morro de Colatina,
cidade do Espírito Santo a 1,2 mil quilômetros de Catanduva, Pátero só falava frases soltas sobre os momentos que
diz ter passado no interior do ovni.
Nem mesmo se dava conta
de que havia transcorrido cinco dias entre o “rapto”
pelo ovni e seu aparecimento em terras distantes.
No morro em que surgiu
misteriosamente deixou inscrito suas iniciais -
“OP” - como uma pista para o caso de não ser encontrado.
Chamado de marciano, de “homem que viajou
no disco voador”, via chegar ao fim seu
pesadelo.
E
começava o mistério que permanece até hoje.
Samara Pátero,
filha do seu Onílson, prepara exposição
sobre a experiência vivida pelo pai
Notícia correu o Brasil,
Alemanha e França
As duas abduções de
Onílson foram tema de reportagens em jornais
brasileiros e ganharam destaque em publicações de países europeus, como
Alemanha e França, lembra a filha
Samara conta que tinha 13
anos na época em que tudo aconteceu.
Ela e a irmã
Silvana afirmam que sofreram muito.
“A gente acaba evitando falar no assunto, por medo de sermos vistos como
loucos.
As abduções são mais comuns do que se imagina, mas muitos não revelam por
vergonha.”
Ela lembra do drama
vivido pela família quando o pai desapareceu na região de Marília.
Até seu reaparecimento,
no Espírito Santo, conviveram com toda angústia da espera.
“Vivemos momentos muito tensos a partir daí, pois muita gente queria
falar conosco.
Recebemos a visita até da Gal Costa, que gostava muito do tema, além de
muitos ufólogos que vieram pesquisar o caso do meu pai.”
Dentre os pesquisadores,
estiveram presentes Jorge Nery, do Instituto de Astronomia e Pesquisas
Espaciais de Araçatuba, o mesmo que investigou os sinais nos canaviais de
Riolândia.
O caso também foi
investigado por uma das mais prestigiadas instituições de pesquisa ufológica do
País, a Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores.
E chegou até o Dops pelo
delegado do caso, que solicitava informações a respeito do seu Onílson e das pessoas que o pesquisavam, a fim de saber se
integravam algum departamento oficial de “assuntos espaciais” e se
podiam oferecer algum esclarecimento sobre o homem que disse haver viajado num
disco voador.
DEPOIMENTO
Eu vi um homem realmente
convicto
Marival Correa
O que levaria um homem de
75 anos, trabalhador, pai-avô, que depende de sua boa reputação e de sua
credibilidade para fechar seus negócios, a criar uma história sobre abdução e
experiências em um disco voador?
Quando estive diante de
seu Onílson Pátero, em janeiro de 2008,
essa foi a principal
pergunta que tinha em mente. Para passar de “contador de causo” à pecha de maluco, mentiroso e adjetivos equivalentes seria um pulo.
Um risco grande demais
que não compensaria qualquer suposta tentativa de marketing pessoal ou intenção
de se promover.
E o que vi foi um homem
convicto, resoluto.
Um homem íntegro, com
sinceridade expressa no olhar e com a arma mais importante de quem acredita na
causa que defende, a verdade.
Ouvia cada questionamento
atentamente e respondia com paciência e firmeza.
O que pude concluir é que
algum fenômeno, algo inexplicável,
pode sim ter acontecido
com ele.
No interior da nave, fios
em forma de teias e um ‘clone’
Seu Onílson descreve o interior da nave espacial, pela
qual diz ter sido abduzido, como um local complexo dotado de muitas salas e
equipamentos
Ao emaranhado de fios,
responsáveis por gerar intensa luminosidade no ambiente, ele deu o nome de
teias de aranha,
dispostas em três e até
quatro camadas.
As luzes eram esféricas,
ora completamente expostas, ora inseridas em tubos.
Havia ainda nas paredes
de três a quatro pontos luminosos intermitentes, “do mesmo modo como
se vê numa tela de TV ao ser desligada”,
descreveu.
Não constam relatos sobre
a que tipo de experiência teria sido submetido durante a abdução, nem uma
descrição de como seriam as criaturas.
Contou, porém, que foi
levado por três seres encapuzados a um dos compartimentos do ovni, onde foi
amarrado com cintas de aço atadas à uma cadeira metálica. Diz que trocou de
roupa e vestiu uma espécie de macacão recoberto por fios e que foi analisado
por meio de instrumentos e de luzes.
O clone
Em seguida, ainda preso à cadeira, lembra de
estar com um capacete dotado de um pequeno visor.
Viu uma série de indivíduos em fila indiana passarem
à sua frente.
Eles estavam postados ora de frente, ora de
lado, mas sempre cobertos por capuzes que se constituíam num prolongamento da
própria roupa que vestiam, o que impedia fazer qualquer tipo de descrição
detalhada sobre como eram.
Lembra apenas que “alguns tinham aspectos humanos”
O único que não estava oculto pela vestimenta
era o último da fila.
Um susto enorme para o vendedor.
Segundo ele, aquele ser era uma cópia exata
dele.
Vestia as mesmas roupas que usava quando foi
abduzido e até os óculos eram iguais.
Como isso seria
possível?
Seria o
primeiro caso de clonagem humana durante uma abdução?
Nem mesmo seu Onílson tinha
respostas, quando questionado tanto pelos pesquisadores quanto pela reportagem,
há seis anos,
poucos meses antes de sua morte.
A descida
Um dos últimos episódios
de que se lembra, dentro da nave, foi ainda estar com braceletes de aspecto
metálico, amarelados e opacos, nos pulsos e nos tornozelos, que não o
incomodavam.
Depois de ter sido
colocado num tipo de urna, parecendo de isopor, embutida no piso e onde havia
lugar para todo o corpo se acomodar anatomicamente.
Não soube precisar por
quanto tempo ficou nessa urna, aliás a partir daí disse não se lembrar de mais
nada.
Só sabe que ao recobrar a
consciência já estava novamente vestido com a sua própria roupa e em outro
compartimento mais espaçoso.
Depois diz ter sido
desembarcado do objeto pela mesma esteira que o capturou no início da
experiência.
Contou que foi colocado
de forma suave sobre o chão.
Seu Onílson notou que era noite alta e que estava sobre um morro.
Dali ainda observou a
partida do estranho objeto.
Restava a ele saber onde
estava e tentar entender tudo o que havia acontecido.
Mas quem acreditaria??
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