UMA VISÃO ESPIRITUAL
DO ENVELHECIMENTO
(Gerrit Gielen)
TERÇA-FEIRA,
2 DE DEZEMBRO DE 2014
Se
você aceitar o que a mídia fala sobre envelhecer, poderá achar que isso é a
pior coisa que pode acontecer a um ser humano.
Para
a sociedade em geral, uma população idosa é considerada um desastre.
Lares
para idosos lotados, cuidados com a SAÚDE
inacessíveis, demência e deterioração geral é o que vem sendo associado com o
envelhecimento.
Todos
nós estamos envelhecendo.
A
cada segundo que passa, perdemos um pouco da nossa juventude.
Este
é um processo natural, ao qual todas as criaturas vivas estão sujeitas.
Como foi que chegamos ao ponto de
abominar um processo tão natural? Existe algo de errado com a natureza?
Ou existe algo de errado em nós, com a
nossa maneira de pensar sobre o envelhecimento?
Como
será que as próprias pessoas idosas se sentem em relação à “tão temida” velhice?
Pesquisas
científicas que medem a felicidade relativa à idade mostram uma curva em forma
de U.
Pessoas
jovens e idosas são as mais felizes.
Durante
a meia-idade é mais provável que você seja mais infeliz do que quando você é
jovem.
As
pesquisas mostram que as pessoas idosas são até mais felizes do que as jovens! (1)
Como é possível isto?
Como
pode ser que, apesar do envelhecimento ser associado a tantos problemas, as pessoas geralmente comecem a sentir-se mais felizes assim mesmo?
Examinemos
o ciclo da vida de um ser humano a partir de uma perspectiva espiritual.
NASCIMENTO: A PERDA DE NÓS MESMOS
Do
ponto de vista espiritual, nascer é deixar o reino da alma – uma atmosfera de
alegria e paz – e dar um mergulho na matéria.
No
reino da alma, as restrições de tempo e espaço e o sentimento de separação que
experimentamos na Terra não existem.
Liberdade
é uma dádiva natural.
Além
disto, tudo ao nosso redor irradia beleza, amor e harmonia; medo e sofrimento
estão ausentes.
No
entanto, em algum momento, nós aceitamos o convite da Mãe Terra para nascer
como ser humano.
A
cada nascimento, nós iniciamos um longo processo de descida e conexão com a
atmosfera física.
Na
literatura antiga, o nascimento de uma alma encarnada é chamado de “o aprisionamento da alma”.
A
alma pousa no reino denso e limitador da matéria, no qual cada ser parece
separado do outro.
A
alma tem dificuldade para manter sua vibração natural nesta atmosfera;
ela
não pertence a este lugar, e só pode sobreviver afastando-se dele regularmente.
Este
afastamento é o que chamamos de sono, e é essencial não apenas para o nosso
corpo, mas para o nosso espírito.
Embora
o nascimento marque o inicio de uma nova encarnação, nesse momento o processo
de descida da alma ainda está longe de ter se completado.
A
descida continua até por volta dos 40 anos de idade, quando o mergulho na
matéria chega ao seu pico: como adulto, você habita totalmente o plano da
matéria e a sociedade humana.
Do
ponto de vista da sua alma, você está então no ponto mais distante da sua
fonte, do reino celeste de onde você veio.
Na
fase de encarnação mais profunda, a distância da sua origem é a maior
Na
infância, o vínculo com a esfera original da alma ainda é forte
As crianças geralmente são intuitivas, espontaneamente alegres e
totalmente concentradas no momento presente: estas qualidades são naturais da alma.
Desfrutar
e explorar a vida de forma alegre e desinibida é natural para a criança, assim
como para a alma.
Infelizmente,
nossa sociedade foi dominada por uma noção distorcida,
masculina,
da espiritualidade, que não reconhece essas qualidades como espirituais, mas
como sinais de imaturidade.
Este
retrato pesado e grave da espiritualidade realmente não vem do Cristianismo
original.
Na
Bíblia ainda existem vestígios da perspectiva da alma.
Em Marcos 10:14, por exemplo, Jeshua dia:
“Deixai vir a mim as criancinhas, não
as impeçais, pois elas pertencem ao Reino de Deus.”
PUBERDADE: A DESCIDA
Antes
da idade adulta, há uma fase de transição de puberdade, seguida pela juventude.
A
consciência desce mais profundamente na atmosfera material; a distância da nossa
Fonte aumenta.
A
felicidade e autoconfiança naturais da infância se perdem.
Surgem
dúvidas e medos; nada mais é tido como garantido e confiável
Haverá rebeldia e incerteza, geralmente relacionadas com o ambiente em
que se vive:
os pais, a escola, ou a sociedade em geral – tudo isto estará frequentemente
sob julgamento crítico.
Inconscientemente,
eles levam a culpa da perda que é sentida pelo adolescente e jovem adulto.
Mas,
essencialmente, sua rebeldia é direcionada ao seu próprio desenvolvimento interior
– à descida mais profunda na realidade terrena e uma separação maior da Fonte.
No
reino da alma, ter um lugar único dentro do todo é um atributo natural.
Você
não duvida do seu direito a existir e sente intuitivamente qual é o seu papel
no esquema maior das coisas.
O
conhecimento de que o cosmos não está completo sem você, de que você é parte
integrante desse todo maior, faz com que se sinta seguro e bem cuidado.
Na
puberdade, esta percepção se perde e o resultado é uma crise de identidade.
Esta
crise pode ser tão massacrante, que alguns jovens tornam-se viciados em drogas
ou álcool, e, em alguns casos, até cometem suicídio.
Tais
atos de desespero muitas vezes se originam de um desejo profundo de
restabelecer a conexão com a alma.
Felizmente,
no entanto, a rebeldia não é a única característica deste período.
Puberdade
e adolescência constituem também uma fase em que muitos aspectos da vida
terrena são explorados com entusiasmo e curiosidade
Você
pode começar a se interessar pela natureza, música, literatura, ou explorar
ideias novas e provocativas.
O
interesse nos outros aumenta; você se apaixona pela primeira vez
Talvez
o mais importante é que você começa a sentir sua própria originalidade, sua
própria individualidade.
Cada
alma é única e traz suas próprias sementes para a Terra; sementes que germinam
durante a infância e emergem do solo durante a adolescência.
Geralmente,
nesta fase da vida, surgem pensamentos e sentimentos originais, que terão um
impacto duradouro no seu futuro e tomará forma definitiva na idade adulta.
Se
tudo correr bem, a perda da infância coincidirá com um período de redescoberta
de quem você é, independente dos seus pais e educação
Esta
redescoberta garante que, em longo prazo, a rebelião desaparecerá e a corrente
da Vida o levará a lugares novos e emocionantes.
A
dádiva mais valiosa que se pode oferecer a alguém que esteja passando pela
puberdade e juventude é a confiança; confiar que existe um caminho e um lugar
para ele neste mundo confuso, independentemente de quão “diferente” ele seja, independentemente de sua aparente incapacidade de se ajustar.
É
exatamente da sua originalidade e individualidade que o mundo precisa e são
elas que guardam a contribuição única da sua alma.
IDADE ADULTA: O PONTO INFERIOR DA NOSSA VIDA
A
idade adulta, o ponto alto da vida física é, na visão espiritual, o ponto
inferior de nossa vida.
A
distância do reino da alma – da nossa própria alma – agora é a maior
Nesta
fase, estamos no ponto mais distante da nossa origem espiritual;
estamos
totalmente imersos no reino material e nos identificamos com nossa
personalidade humana e nossas conquistas.
Durante
esta fase, os humanos, em média, são mais infelizes.
O
mundo físico, com suas leis e restrições, é vivenciado como a única realidade.
Muita
preocupação se volta para o dinheiro e a propriedade, para o status social e o
trabalho duro.
Esta
fixação faz com que as pessoas se esqueçam mais ainda de si mesmas.
A
identificação com o plano físico na idade adulta geralmente é tão forte que a
pessoa tende a sentir que isto é tudo que existe, e que a vida gira em torno
destas questões.
Pode
haver a presença de crenças espirituais, mas geralmente estas são derivadas de
religiões tradicionais que, em grande parte, são baseadas no medo e dogmas.
As
religiões tradicionais têm uma imagem distorcida da espiritualidade e
geralmente fazem mais mal do que bem.
A
coisa mais importante que um adulto pode conseguir, do ponto de vista
espiritual, é cultivar as sementes que trouxe para a Terra como alma e permitir
que elas cresçam e se transformem em belas flores.
Esta
é a nossa verdadeira missão, a qual só pode ser cumprida ao permanecermos fiéis
a nós mesmos, não nos deixando ser arrastados pelas pressões e regras da
sociedade.
É
bastante frequente que esta missão falhe.
Na
idade adulta, os ideais da adolescência e puberdade, assim como os desejos e
sonhos da infância, geralmente são considerados inviáveis e ingênuos.
Afinal,
eles não se ajustam àquilo que a sociedade parece esperar de nós e considera
realístico.
Formas
autênticas de auto-expressão que ainda permaneçam podem ser rotuladas de
egoístas, irresponsáveis ou até insanas.“Aja normalmente, comporte-se como um adulto responsável!”
Precisamos
nos ajustar ao mundo social, caso contrário estaremos fora de lugar… trabalhar
40 horas por semana e tirar três semanas de férias por ano.
Lembro-me
da tristeza que senti no dia que entrei no jardim da infância.
Com
quatro anos de idade, eu já podia sentir o que
estava planejado para mim: anos e anos de escola e depois trabalho.
Ficava
me perguntando quando eu voltaria a ser livre.
Num
teste no final da escola primária, me foi perguntado o que eu gostaria de ser
mais tarde na vida, e minha resposta foi “rentista”
Eu
só queria ser livre de novo; não queria ser forçado a entrar num sistema que me
dissesse o que fazer e o que não fazer.
Felizmente,
na minha vida adulta, consegui encontrar um trabalho confortável, em tempo
parcial, que me permitia trabalhar não mais do que três dias por semana.
Outras
pessoas achavam estranho que eu, sendo um homem adulto, não tivesse nenhuma
carreira e pouca ambição, e preferisse passear pela natureza, ler livros e ter
conversas filosóficas com meus amigos.
Só
por volta dos quarenta anos fui perceber que era aceitável e até praticável ser
tão diferente assim.
Transformei
meus hobbies (pensar em filosofia e
espiritualidade, praticar hipnose) em trabalho.
Acabei
deixando meu trabalho em tempo parcial.
Descobri
que podia ser livre, fazer as coisas que eu realmente gostava e viver disso.
A chave era a
confiança:
ter fé nos talentos originais e exclusivos que minha alma trazia consigo e
confiar que a Terra me acolheria e recompensaria por compartilhar esses
talentos.
Com
esta compreensão, comecei o caminho “para cima”, o caminho de volta à minha
natureza espiritual.
ENVELHECIMENTO:
O CAMINHO “PARA CIMA” NOVAMENTE
Quando
envelhecemos, iniciamos o caminho “para
cima” de novo,
o caminho de volta para a alma.
O
ponto inferior, em que estávamos totalmente encarnados e identificados com o
plano material, passou.
Podemos
liberar esse foco unilateral, e geralmente somos estimulados a fazer isso pelos
desafios que encontramos na vida, ou ao nos confrontarmos com a crescente
fragilidade do nosso corpo.
Estamos
voltando “para cima”, para finalmente
retornarmos à Fonte.
O
movimento natural do envelhecimento é o crescimento em direção à Luz,
identificando-nos com a realidade maior da alma em vez de com a realidade
limitada do corpo e personalidade.
Portanto,
de um ponto de vista espiritual, tornamo-nos mais e não menos,
quando
envelhecemos: sabedoria, confiança e alegria têm mais probabilidade de
aumentar.
O
ser humano que envelhece natural e honradamente está ciente de que é muito mais
do que seu eu terreno; compreende que seu eu verdadeiro se eleva acima dos
papéis que ele desempenhou no plano material da Terra.
À medida que o apego a esta realidade diminui, ele começa a perceber
novamente quem ele realmente é: um ser eterno de Luz viva
Infelizmente,
este processo natural e honroso muitas vezes é dificultado por crenças sociais
profundamente enraizadas.
Vivemos
numa sociedade que, de modo geral, acredita que a realidade física é tudo o que
existe, que não há nenhum eu verdadeiro além do eu terreno e, portanto,
envelhecer é uma coisa ruim.
As
pessoas se tornaram completamente identificadas com a personalidade e o corpo
físicos.
O
envelhecimento é associado à perda e decadência, a um movimento em direção ao
nada.
Assim,
muitas pessoas se opõem ao próprio processo de envelhecimento,
e
esta resistência interrompe a ascensão natural em direção à alma, a mais
alegria e luz.
Resistir ao processo de envelhecimento cria uma profecia que se cumpre
por si mesma:
aquilo que você teme torna-se realidade porque você o teme.
A
resistência faz com que a pessoa se apegue à dimensão física e ao corpo
Este
apego é uma negação e uma fuga da sua luz interior, e isto tem uma série de
consequências trágicas para o ser humano que envelhece.
–
Primeiro, o corpo idoso poderia se beneficiar enormemente de uma conexão
profunda com a alma.
Quando
uma pessoa se conecta com o plano da alma durante o processo de envelhecimento,
a energia do reino espiritual flui com mais intensidade para seu corpo.
O
corpo é elevado e revitalizado pela luz e alegria desse reino e adquire força e
SAÚDE
extras a partir disso; as doenças da pessoa idosa têm menos efeitos sobre ele.
Mas
se a consciência não se concentra no que existe para além do aspecto terreno e
se agarra desesperadamente ao físico, o corpo tem que se manter sem essa
energia adicional. Isto aumenta o risco de problemas de saúde.
- Em segundo lugar, na sociedade em geral, as pessoas mais velhas
poderiam desempenhar um papel importante: o de transmitir conscientização espiritual e
sabedoria para as gerações mais jovens que estão concentradas no reino físico e
nas exigências da sociedade.
Através
de sua experiência de vida e crescente conexão com a dimensão da alma, o idoso
tem uma influência positiva nos mais jovens ao compartilhar sua luz, suas
percepções e sua compaixão.
Ele
pode oferecer uma perspectiva mais ampla das coisas e ouvir com paciência.
Por
natureza, todo mundo sente mais sabedoria, paz e serenidade nas pessoas mais
velhas.
A
influência positiva do idoso pode se expressar de diversas formas: desde uma
personalidade espiritual influente até uma doce e sábia vovó para a qual toda a
família se volta em busca de conselho.
Inclusive,
existem escritores, artistas e terapeutas de idade avançada, que estão fazendo
um trabalho excepcional e, sem saber, inspirando muitas outras pessoas.
Os
idosos são a ponte entre o reino do atemporal e o mundo prático da vida
cotidiana.
A
sociedade na qual o valor do idoso não é reconhecido é uma sociedade que perdeu
a conexão com o espiritual.
Vemos,
então, uma sociedade que vive correndo freneticamente… olhe à sua volta.
Quando
a pessoa que está envelhecendo não consegue assumir seu lugar natural na
sociedade, tanto a sociedade quanto a própria pessoa sofrem.
A
vida de um idoso tende a se tornar solitária, pequena e aborrecida.
Não
é trágico que, justo na idade em que o ser humano está idealmente pronto para o
trabalho espiritual, ele seja relegado a segundo plano?
Você já ouviu falar de algum escritor ou
artista que desistiu quando completou 65 anos?
Imagine
quantos livros maravilhosos e trabalhos de arte nós deixaríamos de ter se essas
pessoas se deixassem levar pela regra insana de ter que parar de trabalhar a
partir dessa idade!
Neste
momento, estou lendo as memórias de Claude Lanzmann, nascido em 1925, produtor do filme Shoah (2).
A
cada página fico mais encantado e comovido com a erudição, sabedoria e riqueza
deste livro.
De
acordo com os padrões da nossa sociedade, este homem deveria ter se aposentado
há vinte anos e não fazer mais nada.
Absurdo!
Os
idosos estão sendo rebaixados e se rebaixando… o resultado é a degeneração
física e mental.
ENVELHECIMENTO:
5 SUGESTÕES PARA TORNAR O CAMINHO
MAIS LEVE
Para
se encontrar um modo mais natural e digno de se envelhecer, nesta sociedade que
mantém quadros tão negativos sobre a velhice, é necessária uma mudança radical
de pensamento.
Aqui estão algumas sugestões:
1. Esqueça tudo o que a sociedade lhe diz sobre
envelhecer e ser idoso.
A
visão da sociedade sobre o envelhecimento não é espiritual; não considera o ser
humano como portador de uma alma eterna, mas como um organismo que gradualmente
para de funcionar e se torna inútil.
Entretanto,
cada ser humano que vive a vida com o coração aberto e a mente aberta chegará à
conclusão de que existe mais na vida do que apenas isso.
A
vida tem uma dimensão espiritual e, na verdade, esta dimensão é muito mais
fundamental do que a física.
Como
idoso, você pode se conectar mais facilmente com essa dimensão e obter inspiração
e força a partir dela.
2. Compreenda que nada se perde nunca.
Nada
nem ninguém ficam “perdidos na noite”; tudo o que tem valor
permanece.
Uma
das primeiras coisas que descobrimos, quando morremos e temos acesso ao outro
lado, é que tudo ainda está lá.
Os
membros da nossa família e amigos queridos, o mundo da nossa infância, nossas
experiências mais queridas – tudo ainda está lá.
E
podemos nos conectar com nossos entes queridos e reviver algumas experiências,
se assim escolhermos – tudo está lá para nós.
Seguindo
o fluxo da vida e nos entregando ao processo de envelhecimento, nós chegamos a
esta dimensão atemporal onde tudo de real substância é preservado.
Se
tivermos a coragem de deixar ir, poderemos ter vislumbres dessa dimensão.
Chegaremos,
então, a compreender, no nível interno, que nada está perdido; e este
conhecimento interior nos trará paz e serenidade.
3.Saia para o mundo.
Este é o momento de deixar sua luz brilhar.
Ela servirá à humanidade e aos seus companheiros
humanos.
Os
jovens geralmente não entendem os idosos.
Como
estes podem ser tão cordatos, pacíficos e felizes, enquanto enfrentam
diariamente a perda da SAÚDE
e das capacidades, além da proximidade da morte?
A
resposta é que o idoso possui um conhecimento interior que o jovem não possui.
O
idoso geralmente foi marcado e amadurecido pelas experiências da vida que o
tornaram mais manso e amável do que a média dos jovens.
A
pessoa idosa teve que se desapegar e entregar com mais frequência.
A
partir daí desenvolveu uma equanimidade que lhe traz paz e felicidade.
O
idoso prestaria um grande serviço à sociedade e aos seus companheiros humanos
mais jovens, se estivesse consciente dos seus próprios talentos e os
compartilhasse.
Observe
sinceramente o que o mundo precisa hoje.
Telefones novos, carros mais velozes?
Não.
Sabedoria,
calma e tranquilidade.
Não é isto que o idoso tem a oferecer?
4. Veja a relatividade dos papéis que as pessoas
desempenham.
Não os leve tão a sério
A
vida é um jogo.
As
pessoas (leia-se:
os adultos), que estão completamente
engajadas neste jogo, levam seus papéis muito a sério.
Não
se deixe levar demais pelo jogo; mantenha uma certa distância.
Enxergue
através dele; observe os jogadores desempenharem suas partes.
Enxergar
a sociedade humana como um jogo que as pessoas jogam faz com que seja mais
fácil desapegar-se dos padrões e expectativas envolvidos; faz com que seja mais
fácil liberar as regras que você usava para JOGAR–
como pai ou mãe, empregador, empregado, etc…
– e abrir-se para um novo capítulo da sua vida.
Confie
na vida.
Confie
que a vida lhe trará novas experiências, novos papéis que se ajustam melhor à
pessoa que você é agora, não à pessoa que você foi.
Ao
deixar ir o passado e se entregar, você se abre para o novo e pode descobrir
aspectos diferentes de si mesmo.
Se
você se agarrar a algo que não mais lhe serve, poderá surgir um sentimento de
vazio e perda.
Confie
na vida e desapegue-se.
5. Deixe de se identificar com seu corpo e o mundo
físico, e passe a identificar-se com sua consciência.
Identificar-se
com seu papel no mundo físico e social é divertido e interessante, desde que
entenda que isso é um jogo.
Por
um tempo, você fica completamente absorvido nele, depois o libera de novo.
Deste
modo, você passa por toda uma série de experiências e sua alma se enriquece com
isso.
Durante
certo período da sua vida, é natural identificar-se com os papéis que você
desempenha, mas também é natural, num dado momento,
perceber
quem você é por trás desse papel.
Isto
deve acontecer quando você fica mais velho.
Imagine
que você está dirigindo um carro.
Se
você pensar que é o carro e alguma coisa acontecer com ele, isto será terrível!
Mas,
se entender que é o motorista, não será tão ruim: sabendo que não é o carro,
você poderá simplesmente sair dele.
Agora, fique de frente para um espelho e olhe para o seu reflexo: veja como seu rosto está
ficando mais velho.
Mas,
por trás do seu rosto, dos seus olhos, há uma coisa
que não envelhece e é atemporal: a sua consciência.
Sinta-a.
Ao
se identificar com sua consciência e não com seu corpo que está envelhecendo,
você segue o fluxo natural do envelhecimento.
A
conexão com aquele que você realmente é, com a dimensão da sua alma, se
aprofunda.
Esta
conscientização faz com que você brilhe com sabedoria e paz.
AS BÊNÇÃOS DA
VELHICE
Não
há nada de errado com uma população idosa.
Para
começar, porque pessoas mais velhas são, em média, mais felizes,
portanto
uma população idosa significa que a sociedade como um todo será mais
satisfeita.
O
aumento proporcional da população idosa também significa o fim da desastrosa
explosão populacional que tem causado o desaparecimento de tantas espécies
animais e vegetais.
Estamos
caminhando para um futuro com menos pessoas na Terra e,
portanto,
a humanidade e a natureza estarão em maior equilíbrio.
Como
resultado do aumento do número de pessoas idosas, será impossível ignorar e
menosprezá-las.
A
sociedade será forçada a dar aos idosos seu devido lugar
E
os próprios idosos serão desafiados a assumir esse lugar.
Terá
fim a lógica absurda que coloca à margem da sociedade as pessoas que, do ponto
de vista espiritual, estão em sua idade mais fértil.
Isto
significa que os idosos não mais se esconderão, mas deixarão sua luz brilhar.
Os
idosos trarão sabedoria, paz e tranquilidade à sociedade.
A
humanidade se extraviou e precisa urgentemente se conectar com a realidade
atemporal da alma.
A
sociedade que levar a sério as bênçãos e dons naturais da idade avançada será
uma sociedade que se concentrará na harmonia entre os seres humanos e na
harmonia com a Mãe Terra, em vez de perseguir o sucesso e exploração do nosso
planeta.
Será
também uma sociedade na qual haverá menos medo da morte e da velhice.
Envelhecer
será percebido como um processo honroso e como um retorno à fonte de Luz da
qual todos nós viemos.
© Gerrit
Gielen
Tradução de
Vera Corrêa
veracorrea46@ig.com.br
(1) Helliwell, J.F., Putnam,
R.D.(2004) The Social Context of Well-Being. Philosophical
Transactions: Biological Sciences.
Vol. 359, No. 1449, pp.
1435-1446
(2) Claude Lanzmann – The Patagonian Hare: A Memoir
http://caminhodecura.blogspot.com.br/2014/12/uma-visao-espiritual-do-envelhecimento.html
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